A primeira edição da revista Radis em 2016, disponível on-line, dedica suas reportagens à cobertura da 15ª Conferência Nacional de Saúde, realizada entre os dias 1º e 4 de dezembro de 2015. Como menciona em editorial Rogério Lannes Rocha, editor-chefe e coordenador do programa Radis, “a conferência será lembrada por seu teor político, com grande manifestação em defesa do SUS e atos de repúdio à abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff”.
– A política nacional dominou de vez a Conferência a partir do terceiro dia, quando chegou a notícia de que o presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha, havia aceitado o pedido de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff. Houve manifestação diante do centro de convenções e diversos movimentos sociais ocuparam por longo tempo o palco do auditório com músicas e as palavras de ordem “Não vai ter golpe” e “Dilma fica, Cunha sai”, sob algumas vaias, mas acompanhados pela quase totalidade dos quatro mil presentes. O clima de ativismo levou a presidenta do Conselho Nacional de Saúde, Maria do Socorro de Souza, a declarar que esta foi “a conferência mais popular desde a Oitava”, realizada em 1986 – diz um trecho do editorial.
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Já no primeiro dia de conferência a politização era notável. A reportagem “Conferência ocupa as ruas” fala sobre a Marcha em Defesa do SUS, que reuniu 10 mil pessoas, em Brasília. Ao passar pela Esplanada dos Ministérios, os manifestantes deram uma mostra de como mudanças em diversos setores do governo têm causado impactos na saúde.
– Em frente ao Ministério da Agricultura, o grito dos manifestantes é contra o uso de agrotóxicos. (…) Já no Ministério de Minas e Energia, a reação é contra a atividade mineradora predatória que resultou no crime ambiental ocorrido na cidade mineira de Mariana. (…) A última parada da marcha, ao fim de mais de três quilômetros, é em frente ao Ministério da Fazenda, responsável pela área orçamentária e pelos cortes que retiraram recursos da saúde em 2015, conta a reportagem.
Nem todos, porém, estavam de acordo com os rumos que a conferência tomou, sobretudo depois da notícia de abertura do processo de impeachment da Presidenta Dilma, como é possível ler no seguinte trecho da reportagem “Cadê a conferência?”.
– Para esse grupo, formado principalmente por estudantes da Saúde, a conjuntura atropelou a discussão sobre os rumos do setor e a conferência se resumiu a um apoio cego ao governo Dilma. Para outros, que pareciam ser a maioria dos participantes, a 15ª Conferência precisou se posicionar politicamente frente a um momento de ameaça à democracia.
A mais nova edição de Radis conta com um total de dez reportagens sobre a 15ª Conferência Nacional de Saúde, que falam não só dos debates políticos mas também do processo de votação de propostas e diretrizes, entre outros assuntos. A revista traz, ainda, em suas outras seções, textos sobre temas como os casos de microcefalia associados ao Zika Vírus, à ocupação das escolas de ensino médio, em São Paulo, e à tragédia ambiental em Mariana, MG.