A Fiocruz foi destaque de matéria publicada na edição de 29 de outubro da revista Nature. O artigo de duas páginas, na seção Carreiras, discute os desafios e, principalmente, as oportunidades da ciência brasileira, em especial no campo das ciências da vida. De acordo com o texto, assinado por Gene Russo, editor de Naturejobs, o Brasil pode ser um dos maiores atores na pesquisa internacional se conseguir capitalizar seus vastos recursos naturais e sua efervescente economia. Além da Fiocruz, também são citados o Ministério da Ciência e Tecnologia, a Petrobras, o Instituto Butantan, a Universidade de São Paulo e a Embrapa, bem como as empresas Bionext, Alellyx e Cana Vialis.
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A matéria ressalta que a Fiocruz idealizada como um templo para a ciência por Oswaldo Cruz teve um papel chave para o crescimento da pesquisa nacional. O artigo lembra, por exemplo, as contribuições históricas da instituição para o combate a doenças como a peste, a varíola e a febre amarela. No entanto, o texto enfatiza, também, a importância atual da Fundação. A Fiocruz é agora não apenas central para a saúde pública brasileira; ela é também uma das principais instituições em termos de emprego e formação, com aproximadamente 6 mil pesquisadores no Rio e em vários outros campi no país. Outra iniciativa da Fiocruz citada na matéria é a construção de um centro para o desenvolvimento de tecnologias em saúde. Segundo a vice-presidente de Pesquisa e Laboratórios de Referência da Fundação, Claude Pirmez, entrevistada por Nature, o objetivo de iniciativas como essa é a geração de novos produtos ou de pesquisas que conduzam a ensaios clínicos.
Sobre o financiamento das pesquisas no Brasil, a matéria destaca os avanços obtidos graças ao planejamento de projetos de longo prazo. O artigo comenta o exemplo do Governo do Estado de São Paulo, que reserva 1% dos impostos recebidos cerca de US$ 400 milhões por ano para investimentos em pesquisas. Como forma de evitar a concentração da ciência nos estados mais ricos, como São Paulo, o texto menciona uma iniciativa do Ministério da Ciência e Tecnologia, a rede de biotecnologia do Nordeste, que, desde 2004, já beneficiou 400 estudantes.
Outro ponto discutido na matéria é a preocupação com os salários e benefícios dos pesquisadores brasileiros. Entre os desafios identificados está o caso de cientistas que vão estudar fora do Brasil e não retornam ao país, porque encontram mais oportunidades e condições mais lucrativas no exterior. Os desafios também incluem a expansão da ciência no setor privado, como nas empresas de biotecnologia. Essa expansão, contudo, ainda encontra dificuldades na burocracia, no fluxo entre academia e empresas, e na negociação da transferência de propriedade intelectual. Aumentar o número de oportunidades de pesquisa e intensificar o papel do setor privado não parecem obstáculos intransponíveis para um país que acaba de tornar-se o primeiro da América Sul que sediará os Jogos Olímpicos. Se o estigma indústria-academia diminuir, os salários aumentarem e os talentos nativos retornarem para casa, as ciências da vida brasileiras terão muitas promessas e provavelmente muitos mais templos da ciência, conclui a matéria de Nature.