Revista analisa fatores associados ao uso de medicamentos na gestação

O volume 30, número 5, da revista Cadernos de Saúde Pública, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) já está disponível on-line. A edição conta com artigos que abordam temas como validade relativa de indicadores de práticas alimentares, fatores associados ao uso de medicamentos em mulheres grávidas pela primeira vez e tentativas e suicídios por intoxicação proveniente de alimentos. Além disso, a publicação traz uma resenha assinada pelo pesquisador do Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos da Escola Luiz David Castiel sobre medicina financeira, e uma carta de resposta da também pesquisadora Margareth Portela – que atualmente desenvolve pós-doutorado na Universidade de Leicester -, sobre pagamento por desempenho na Atenção Primária no Reino Unido. Confira a última edição da publicação.

Em seu editorial, o novo volume aborda o problema do plágio em pesquisa, que vem sendo debatido e combatido em em todas as publicações científicas sérias. Contra a cultura do corta e cola, o editorial aponta que uma simples busca na internet usando os termos “plagiarism scientific papers” mostra aproximadamente 38 mil resultados, e alguns artigos sugerem que este tipo de má-conduta vem crescendo. Para as editoras, Marília Sá Carvalho, Cláudia Travassos e Cláudia Coeli, a atual edição traz a visão e conduta de CSP sobre essa questão. Segundo as editoras, a revista está passando pela fase de implantação da verificação automática de plágio em todos os artigos submetidos, por meio de um software adquirido pela Ensp, e se guiará pelas condutas propostas pelo Committe on Publication Ethics (Cope), relativas a publicações redundantes (conhecidos como autoplágio e plágio).

No artigo Validade relativa de indicadores de práticas alimentares da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar entre adolescentes do Rio de Janeiro, assinado, em parceria com outros autores, pela pesquisadora do Departamento de Epidemiologia Letícia de Oliveira Cardoso, avaliou-se a validade relativa dos indicadores de práticas alimentares do questionário utilizado na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) entre adolescentes do Rio de Janeiro. Foram estudados 174 alunos e avaliados os indicadores: ingestão regular dos alimentos marcadores de alimentação saudável; marcadores de alimentação não saudável e as rotinas alimentares; realização de refeição com responsável, realização do desjejum; e comer enquanto estuda ou assiste à TV. Os resultados da artigo mostraram que para todos os marcadores de alimentação saudável, não houve diferença na proporção de ingestão regular de acordo com os dois métodos utilizados na pesquisa. Além disso, as frequências geradas pelo questionário foram superiores para os indicadores salgadinhos de pacote e biscoitos salgados e mais baixas para embutidos e refeição.

No artigo assinado também pela pesquisadora da Ensp Rosalina Koifman, intitulado Fatores associados ao uso de medicamentos na gestação em primigestas no Município de Rio Branco, foram avaliadas 887 primigestas – mulheres na primeira gestação – com o objetivo de analisar os fatores associados ao uso de medicamentos na gestação no Acre. De acordo com o estudo as informações para pesquisa tiveram como base uma entrevista e o cartão de pré-natal. Os medicamentos foram classificados conforme o Sistema Anatômico Terapêutico Químico (ATC), da Organização Mundial da Saúde, e com a categoria de risco do Food and Drug Administration (Estados Unidos). Os resultados descreveram que a idade média das mulheres foi de 21 anos e a média de uso de medicamento na primeira gestação foi de 2,42, sendo os medicamentos mais consumidos: antianêmicos (47,5%), suplementos e vitaminas (18,7%), analgésicos (13,8%) e antibióticos (10,5%).

Com participação do pesquisador do Departamento de Administração e Planejamento em Saúde (Daps/ENSP) Sérgio Pacheco de Oliveira, o artigo Tentativas e suicídios por intoxicação exógena no Rio de Janeiro: análise das informações através do linkage probabilístico, buscou melhorar a qualidade das informações  sobre o tema. Para isso foi realizado um estudo seccional descritivo dos registros sobre casos do Rio de Janeiro, no período compreendido entre 2006 e 2008, presentes nos bancos de dados do Sistema de Informações sobre Agravos de Notificação (Sinsn), Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e Centro de Controle de Intoxicação de Niterói (CCIn-Niterói). Segundo os resultados da pesquisa, o método de relacionamento de bancos de dados permitiu a identificação dos problemas existentes em cada sistema, proporcionou melhor qualidade das informações e maior proximidade com a situação real de agravos complexos e graves como o comportamento suicida.

Na seção Resenhas, o pesquisador do Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos da Escola Luiz David Castiel, fala sobre medicina financeira. O autor resenha um livro de ensaios essenciais à crítica da medicina atual. Segundo ele, “existe uma interferência abusiva das empresas farmacêuticas e de equipamentos médicos na sedução de médicos com agrados que transitam de modo obscuro pelos meandros de uma ética acrobática, interferindo de modo evidente na prescrição de medicamentos, próteses e órteses a pacientes”.

Por fim, a pesquisadora Margareth Portela traz para discussão o pagamento por desempenho na Atenção Primária no país. Na seção Cartas, a autora chama atenção que a implementação de ações desse tipo devam ser realizadas com muita cautela. Segundo ela, o autor R. J. Maxwell publicou no The Lancet, o artigo Resource Constraints and the Quality of Care. Passados 29 anos, as reflexões de Maxwell sobre os possíveis problemas éticos advindos de recursos escassos no Reino Unido, para atender a uma demanda crescente por cuidados com a saúde, hoje são uma realidade presente no cotidiano dos gestores de todos os países. O volume 30, número 5, da revista Cadernos de Saúde Pública conta ainda com artigos que abordam lesões por acidentes de trânsito no México; atividade física e fatores psicossociais; proteção da saúde de trabalhadores rurais; padrões alimentares e hipertensão arterial; insegurança alimentar e muitos outros.

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