Estudo do Ministério da Saúde aponta que 8,4% dos jovens estão obesos. Governo lançou diretrizes para melhorar alimentação
Nesta quinta-feira (7), o ministro da Saúde, Ricardo Barros, assinou uma portaria com diretrizes para a promoção da alimentação saudável nas unidades da pasta em todo o País. Isso porque dados do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (Erica), realizado pelo ministério, aponta que os refrigerantes estão entre os seis alimentos mais consumidos por adolescentes. As frutas sequer aparecem na lista.
A preocupação se deve ao fato de que 8,4% de meninos e meninas entre 12 e 17 anos têm obesidade. O ministro também apresentará proposta para mudança legislativa a ser aplicada às escolas públicas e privadas.
“Precisamos reduzir as causas e os danos por comportamentos de riscos, como sedentarismo e uma alimentação rica em sódio e açúcar, que levam a doenças como obesidade e hipertensão”, destacou.
Diretrizes
Por isso, a portaria que define as Diretrizes para Promoção da Alimentação Adequada e Saudável do Ministério da Saúde determina que a maior parte da oferta em restaurantes da pasta e escolas deve ser de alimentos dos seguintes grupos: cereais, raízes e tubérculos, verduras e legumes, frutas, castanhas e outras oleaginosas, leite e derivados, carnes, ovos e pescados.
Também fica proibida a venda, promoção, publicidade ou propaganda de alimentos industrializados ultraprocessados com excesso de açúcar, gordura e sódio e prontos para o consumo.
A proposta de Barros é de que essas regras, além de serem aplicadas para restaurantes, cantinas e eventos do Ministério da Saúde, também sejam estendidas aos demais órgãos e entidades da administração direta federal.
Segundo o ministro, a mudança precisa acontecer de dentro para fora. “As refeições pagas com recursos da pasta e ofertadas em todas as unidades vinculadas devem seguir o protocolo de Alimentação Saudável”, afirmou Barros.
Gastos
Os pacientes com comportamento de risco, o que abrange obesidade, sedentarismo, alcoolismo e tabagismo, são o grande desafio da saúde brasileira. “É preciso investir em saúde preventiva. É melhor para a população e onera menos o orçamento do Sistema Único de Saúde”, ressaltou Barros. Todos os anos, são gastos R$ 458 milhões decorrentes da obesidade para o SUS.
Além disso, com o intuito de promover e orientar a alimentação saudável em todas as instituições do País, o Ministério da Saúde criou um guia para a elaboração de refeições que vai contribuir com a melhoria da qualidade da alimentação das pessoas que prestam serviços nesses locais.
Erica
O Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes reúne dados de cerca de 75 mil estudantes de 12 a 17 anos. São alunos de 1.247 instituições públicas e privadas distribuídas em 124 municípios, todos eles com mais de 100 mil habitantes. O estudo é uma parceria do Ministério da Saúde com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O estudo apontou que a dieta dos adolescentes brasileiros é caracterizada pelo consumo de alimentos tradicionais, como arroz (82%) e feijão (68%), e ingestão elevada de bebidas açucaradas (56%) e alimentos ultraprocessados, como refrigerantes (45%), salgados fritos e assados (21,88%), e biscoitos doces e salgados, sendo o refrigerante o sexto alimento mais referido (45,%).
Esse padrão associa-se à elevada inadequação da ingestão de cálcio, vitaminas A e E e ao consumo excessivo de ácidos graxos saturados, açúcar livre e sódio – mais de 80% consomem sódio acima dos limites máximos recomendados (5 gramas por dia).
A prevalência do consumo de frutas foi baixa, e esse grupo de alimentos ficou entre os 20 mais consumidos somente entre os meninos de 12 a 13 anos (18%). A Região Sul apresentou a maior prevalência de consumo de refrigerantes (51%). As hortaliças (54%) configuraram entre os cinco alimentos mais consumidos somente na Região Centro-Oeste.
Comportamento Alimentar
O Erica verificou, também, que 56,6% dos adolescentes fazem refeições “sempre ou quase sempre” em frente à TV. Índice é mais elevado entre alunos de escolas públicas. Maior tempo assistindo TV foi significativamente associado ao menor consumo de frutas e verduras e maior consumo de proporções de salgadinhos, doces e bebidas de elevado teor de açúcar.
Com a mesma frequência de comer assistindo televisão, 39% afirmaram consumir petiscos em frente às telas. As meninas consumiram com maior frequência “sempre ou quase sempre” refeições e petiscos em frente às telas (TV, vídeo games e computadores).
Menos da metade dos jovens (48,5%) afirmou que “sempre ou quase sempre” toma café da manhã. E 21,9% nunca tomam. Em relação a comer com a família, 68% informaram que “sempre ou quase sempre” fazem refeição com os pais ou responsáveis. A realização de refeições em família é um importante aspecto familiar que influencia a promoção de comportamento alimentares saudáveis na adolescência e sua manutenção na fase adulta. O Erica identificou, ainda, que 48,2% dos adolescentes têm o hábito de ingerir cinco ou mais copos de água por dia.
Perfil adulto
Entre os adultos, a Pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico constatou que 19% dos brasileiros têm o hábito de consumir refrigerante ou suco artificial em cinco ou mais dias da semana. Quando avaliado o consumo de feijão, 64,8% dos brasileiros comem o alimento quase todos os dias ou cinco ou mais dias da semana.
Entre os adultos brasileiros, 18,9% são obesos. Em 2010, a taxa era de 15%. Em relação ao consumo de frutas e hortaliças regularmente, 37,6% da população adulta costumam se alimentar do produto cinco ou mais dias da semana. Sendo 43,1% dentre as mulheres e 31,3% dentre os homens. Vale destacar ainda os hábitos em consumir doces e carnes com excesso de gordura (carne vermelha ou de frango com pele).
Sobre o doce, 20,1% dos adultos consomem em cinco ou mais dias da semana, sendo 22,1% em mulheres e 17,6% entre os homens. Já o consumo de carnes com excesso de gordura está presente em 31,1% dos adultos. A frequência está entre os homens 42,6%, comparado às mulheres, 21,4%.
Fonte: Portal Brasil, com informações do Ministério da Saúde