As redes sociais são um espaço para trocar informação, interagir, fazer amizades, disputar opiniões e também para o controle da dengue no país. Como? Pesquisadores do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolveram um programa, chamado Observatório da Dengue, que monitora a quantidade de vezes e os locais em que se usa o termo ‘dengue’ nas publicações do Twitter. O Observatório começou a ser usado por gestores em meados de 2012.
Sempre que alguém coloca a palavra ‘dengue’ no seu Twitter, o programa detecta e faz um levantamento por localidade. Se na cidade de Belo Horizonte, por exemplo, a palavra dengue é mencionada, em média, 100 vezes por semana, quando ela aparecer 300 ou 500 vezes na mesma semana, é disparado um alerta. “As informações geradas pelo observatório se antecipam as notificações da vigilância. Por isso que devem ser vistas como uma medida complementar à vigilância de rotina. Serve para alertar quando os casos estão acontecendo”, comenta Giovanini Coelho, coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue.
Um dos responsáveis pelo programa, o desenvolvedor do software Walter dos Santos Filho, explica que só é possível fazer esse monitoramento pelo Twitter devido a algumas particularidades da doença. “A dengue não é estigmatizada, as pessoas conversam de dengue abertamente, diferente de outras doenças. Ela também se concentra mais nos grandes centros, que é onde a tecnologia está mais presente. São dois fatores que auxiliam”, ressalta Walter.
O desenvolvedor conta que ao criar o Observatório eles perceberam que existe uma correlação forte entre o número de publicações no Twitter com o termo dengue e o número de casos notificados pelas secretarias de saúde. “Foi feita a comparação entre as curvas da serie temporal da dengue no Twitter com os casos reais e em boa parte das cidades existia uma correlação muito boa”, ressalta.
Em Aracaju, capital de Sergipe, o Observatório da Dengue tem auxiliado na vigilância do município. A coordenadora do Programa Municipal de Controle da Dengue, Taíse Ferreira Cavalcante, diz que sempre compara os dados gerados pelo programa com as notificações oficiais dos casos de dengue. “Ele me mostra se tem algo de diferente que não consigo perceber. Se os números são muito diferentes nós procuramos ver se as há algum problema com as notificações”, comenta Taíse.
Ela acredita que a ferramenta auxilia na comunicação ao alertar os municípios que existem rumores da doença na região. “Agora cabe a vigilância ir atrás e confirmar aqueles rumores. Eu o utilizo como mais um instrumento que me ajuda na vigilância da dengue”, completa a coordenadora de Aracaju. É a mesma observação feita pelo gestor nacional do combate à dengue, Dr. Giovanini Coelho. “O observatório da Dengue é uma ferramenta complementar ao sistema de vigilância que é feito pelos estados e municípios”, afirma Giovanini.