Rede de Frio: uma logística para o controle de qualidade das vacinas em todo o país

Estrutura coordena desde o transporte até o armazenamento dos imunobiológicos, que passam por testes antes de serem considerados aptos à população

Você chega a uma sala de vacinação e, a partir de uma simples picada de agulha, já sabe que está protegido contra uma determinada doença. Como é possível ter a certeza de que todas as vacinas oferecidas pelo Calendário Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) apresentam eficácia e segurança? Essa garantia só é possível graças a um severo controle de qualidade, que assegura a mesma proteção nos imunobiológicos (vacinas e soros), distribuídos de Norte a Sul do Brasil.

Como funciona essa estrutura de aquisição das vacinas e dos soros, distribuição e armazenamento até que a população seja, de fato, beneficiada? A partir do momento em que uma vacina é incorporada ao Calendário Nacional de Vacinação – após a consideração de todos os critérios epidemiológicos –, é a hora da compra dos produtos. “Inicialmente é feita uma busca nos laboratórios nacionais. Se eles não produzirem o imunobiológico, nós buscamos por meio do fundo rotatório da Organização Pan-Americana da Saúde, e aí tem início o processo de aquisição pelo Ministério da Saúde”, explica o gerente da Gestão de Insumos do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Ricardo Gadelha de Abreu.

Assim que o imunobiológico chega ao Brasil, é também iniciada a rede de cuidado e controle de qualidade, preconizada pelo Manual de Rede de Frio. A Central Nacional de Armazenamento e Distribuição de Imunobiológicos (Cenadi), no Rio de Janeiro, é a primeira a receber as importações. Então, são retiradas amostras e enviadas ao Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), para a realização dos testes de qualidade. “Assim temos maior garantia da segurança desses imunobiológicos para as 27 unidades federadas”, argumenta Gadelha.

Segundo ele, o mesmo procedimento é feito com produtos adquiridos de laboratórios nacionais: as amostras retiradas da Cenadi são levadas para o INCQS, onde são feitos os testes. Só então as vacinas são liberadas para o programa nacional.

Distribuição

Então a vacina entrou no Calendário Nacional, certo? Agora é a vez de os estados brasileiros solicitarem, mensalmente, as doses ao Ministério da Saúde. “Nós analisamos os pedidos e distribuímos por meio de um sistema de informação para os estados. Quando essas vacinas e soros chegam aos estados, eles distribuem para as suas regionais e, consequentemente, as regionais distribuem para os municípios, para que, finalmente, cheguem à população na sala de vacinação”, detalha Gadelha.

Em todo esse caminho pelo país, o cuidado é intenso. A distribuição da Cenadi aos estados é realizada por meio aéreo, sempre garantindo que sejam mantidas as temperaturas determinadas pelos laboratórios (em geral de +2ºC a +8ºC). Já dentro dos estados, o transporte é terrestre, em caminhões refrigerados.

Se as condições forem mantidas ao longo de todo o trajeto, as vacinas não precisarão ser novamente testadas. No entanto, na sala de vacinação a vigilância ainda continua. As temperaturas são monitoradas, então, nos refrigeradores. “As equipes responsáveis pela imunização nos municípios estão sempre atentas para acompanhar as temperaturas do acondicionamento das vacinas”, acrescenta Gadelha. As equipes estaduais são as responsáveis pelas supervisões nos municípios.

Com todo esse monitoramento, a população pode ter certeza de que a vacina recebida é segura, eficaz e de qualidade fiscalizada. “O Ministério da Saúde tem sempre o cuidado muito próximo com os imunobiológicos por meio do controle de qualidade. Todas as vacinas, embora passem por estudos e testes dos laboratórios pré-qualificados pela Organização Mundial da Saúde, o que já é uma segurança muito grande, ao chegar ao Brasil elas são novamente testadas”, reafirma Ricardo Gadelha de Abreu. “Todos os postos têm equipamentos disponíveis para manter essas vacinas em temperaturas adequadas, e esse monitoramento rotineiro é a maior garantia. As nossas vacinas contam com estudos nacionais e mundiais que dão essa segurança de que, se entrou no calendário, é uma vacina segura e que realmente vai prevenir as doenças”, assegura Gadelha.

Confira o Manual de Rede de Frio: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_rede_frio.pdf