Radar Covid-19 Favela aborda maternidades e juventudes entre lutos e lutas

décima edição do Radar Covid-19 Favela traz especial com textos sobre direito à vida, sobre a violência de Estado em favelas, depoimentos das mães e familiares de vítimas assassinadas durante operações policiais e a luta diária por justiça. A seção Megafone traz dados do Painel Unificador das Favelas que, em 9 de junho de 2021, registrou 5.167 óbitos e 63.628 casos confirmados de Covid-19 nas favelas do Rio de Janeiro. A jovem Kathlen, de 24 anos e grávida de 3 meses, foi baleada em meio a uma ação policial em Lins de Vasconcelos. Segundo dados do Instituto Fogo Cruzado, nos últimos cinco anos, 15 grávidas foram baleadas no Grande Rio. A seção também informa sobre aumento de casos de Covid, óbitos, fome e procura por atendimento psicológico na comunidade do Catiri, localizada em Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O cenário de pandemia e desemprego e agravamento da fome e desnutrição na favela do Jacarezinho devido às altas do preço dos alimentos também é tematizado.

O especial Maternidades e juventudes entre lutos e lutas pela vida apresenta o depoimento Não queremos morrer nem de bala, nem de Covid. Só queremos viver!, de Bruna Silva, moradora da Maré e mãe de Marcus Vinicius, assassinado enquanto usava seu uniforme escolar durante uma operação ilegal no território da Maré. Dalva Correa, militante da Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência, denuncia a violação de direitos no texto Os impactos da pandemia na vida dos moradores de favela e familiares de vítimas da violência do Estado no isolamento social. A autora também presta solidariedade às mães do Jacarezinho, às esposas que perderam seus maridos e filhos que perderam seus pais.

O texto Mães em luta por justiça e pela vida é de autoria de Claudia Rose Ribeiro da Silva, do Museu da Maré e diretora do Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (Ceasm). O museu prestou homenagem aos movimentos de mães e familiares das vítimas da violência produzida direta e indiretamente pelo Estado e seus agentes em 14 de maio. Encerrando o Especial da edição, a Coordenadora Executiva do NICA Jacarezinho, Bianca Peçanha, assina o texto A juventude negra quer sonhar, mas para isso precisamos estar vivos.

Em O que tá pegando nas favelas?, o texto Mortos em seus direitos, de João Luis Silva, voluntário da ONG Rio de Paz, denuncia a dificuldade de famílias para remoção dos corpos de vítimas da pandemia nas favelas. A 3ª Conferência Livre de Saúde em Manguinhos também é pauta dessa seção e terá como tema: Por políticas públicas saudáveis e sustentáveis. O evento ocorrerá em julho e abordará questões como a precarização das relações de trabalho; como o desmonte das políticas de seguridade social e educação contribuem no processo de adoecimento da população; saneamento; violências e saúde, entre outros.

A seção também conta com o texto de Gilmara Cunha, diretora-executiva do Grupo Conexão G, sobre as ações realizadas pela organização durante a pandemia. O texto Desigualdades e impactos da pandemia na população LGBTQI+ favelada também evidencia as desigualdades que atingem o segmento LGBTQI+ nos territórios populares.

A seção Debates apresenta o texto de autoria do Grupo de Pesquisa Futuros da Proteção Social, do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz, que destaca os recordes de desemprego, aumento da fome, da extrema pobreza e acirramento das desigualdades sociais do país. A assistente social e participante do Fórum Favela Universidade, Sofia Barreto, aborda os impactos do fechamento da UFRJ para a juventude pobre e favelada que luta pelo acesso às universidades públicas no texto O impacto do fechamento da ufrj na saúde da juventude.

O informativo abre a seção Movimentos sociais com o texto Por um plano diretor popular: queremos moradia digna, vacina, emprego e comida no prato do Conselho Popular do Rio de Janeiro. Nele, o Conselho traz a discussão sobre o aumento da pobreza urbana nas ruas da cidade e a vacina como principal recurso nacional para redução dos diferentes impactos da Covid-19.

Radar Covid-19 Favela usa como base de coleta dos relatos as mídias sociais de coletivos de favelas cariocas, o contato direto com moradores, lideranças e movimentos sociais e busca sistematizar, analisar e disseminar informações sobre a situação de saúde nos territórios em foco em cada edição. Lideranças e comunicadores populares podem enviar sugestões de pauta, matérias e crônicas sobre a Covid-19 em seus territórios para o e-mail radar.covid19@fiocruz.br. O Radar Covid-19 Favela e o Boletim Socioepidemiológico nas Favelas são iniciativas da Sala de Situação Covid-19 nas Favelas do Rio de Janeiro e podem ser acessados na página do Observatório Covid-19 da Fiocruz.