Com olhares atentos e cheios de expectativa, alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Flamboyant, em Porto Velho, estiveram frente a frente com a ciência. O que poderia ser apenas uma caixa de papelão aos poucos vai se transformando em um universo de possibilidades, diante da curiosidade e da presença de microrganismos nas mãos das crianças. A ideia de levar um pouco da rotina de estudos do Laboratório de Microbiologia da Fiocruz Rondônia para a sala de aula, em escolas públicas, surgiu diante de uma grande necessidade: popularizar a ciência e disseminar cada vez mais cedo entre os pequeninos o saber científico produzido dentro das instituições de pesquisa.
O Ateliê mãos sujas e mãos limpas é desenvolvido como projeto integrante das atividades de Divulgação Científica da Fiocruz Rondônia e foi contemplado em Chamada Interna de apoio financeiro para a realização de atividades na 18ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), que ocorreu entre os dias 4 e 8 de outubro de 2021. O projeto é desenvolvido em algumas etapas. Na primeira, os estudantes participam de uma aula sobre a existência dos microrganismos presentes nas mãos e sobre os locais que eles habitam no meio ambiente. Um painel didático foi elaborado especialmente para esse momento. Em seguida, os participantes são convidados a assistir a um vídeo sobre a importância de lavar as mãos. Após o vídeo, os estudantes recebem orientações sobre higiene e como fazer a lavagem correta das mãos para prevenir doenças, além de conhecerem os “bons e maus” microrganismos, sempre envolvidos numa apresentação dinâmica e linguagem acessível às crianças.
Placas petri (utilizadas em laboratório para cultura de microrganismos) contendo os nomes dos participantes são distribuídas entre os alunos, antes de lavarem as mãos, e eles são orientados a colocarem os dedos nos meios de cultura. Finalizando o primeiro dia de atividades, os estudantes acompanham uma breve apresentação e um vídeo sobre a história de Oswaldo Cruz e a sua importância para a ciência no Brasil, além de preencherem um caderno de atividades sobre a temática dos “microrganismos”.
As placas utilizadas no experimento são encaminhadas ao Laboratório de Microbiologia na Fiocruz Rondônia e incubadas em estufa bacteriológica a 37°, para o crescimento de possíveis microrganismos. No dia seguinte, é realizada a correção dialogada do caderno de atividades, com a explicação dos pesquisadores sobre a presença de microrganismos nas placas, utilizadas no experimento sem a higienização das mãos. Momento em que os estudantes fazem manualmente a contagem do número de colônias de microrganismos e observam as suas mais variadas características.
Em poucas palavras, Heitor Silva Teles, estudante do 5º ano que participou da atividade, define a experiência como “a melhor aula sobre ciência que eu já tive em minha vida”.
Kit Ciência Itinerante
O Kit Ciência Itinerante é composto de uma caixa contendo um CD com vídeos sobre a existência dos microrganismos, a história do cientista Oswaldo Cruz, um caderno de experiência, placas petri com meio de cultura, lápis representando diferentes microrganismos em EVA, lápis de cor e álcool gel.
Najla Matos, coordenadora do projeto e chefe do Laboratório de Microbiologia da Fiocruz Rondônia, explica que, neste momento, 20 escolas públicas da rede municipal de Porto Velho serão atendidas pelo projeto. “Em cada uma delas, uma caixa será deixada à direção e aos professores que poderão ser multiplicadores desse conhecimento sobre os microrganismos, lembrando que o envolvimento da comunidade escolar é de fundamental importância para que as crianças tenham acesso, cada vez mais cedo e de uma forma bastante lúdica e criativa, a esse mundo fantástico dos experimentos científicos”.
Importante ressaltar que antes da utilização do kit pelos professores, a equipe escolar será orientada sobre os passos a serem seguidos, e o material que integra a caixa poderá ser reproduzido para atender novas turmas. Na etapa de utilização das placas pelos estudantes e professores durante o experimento, a equipe do Laboratório de Microbiologia poderá ser acionada pela escola.
Na entrega oficial do Kit à escola Flamboyant, a diretora, Luciene Félix, reconheceu a relevância social do projeto e destacou “a importância da atividade para incentivar nos estudantes o interesse pela pesquisa científica”. A técnica da Secretaria Municipal de Educação (Semed), Adriana Campos Cavalcante, acredita que o projeto poderá ser ampliado para que mais escolas da rede municipal de ensino sejam alcançadas. Segundo ela, “hoje, temos o privilégio de termos a Fiocruz Rondônia desenvolvendo esse projeto na escola Flamboyant, e somos extremamente gratos por esta parceria”.