A Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP está implantando um projeto Cuidados de Saúde aos Servidores Não-Docentes da Faculdade de Saúde Pública, em que promove os bons hábitos de saúde junto a seus funcionários. O intuito inicial foi verificar os hábitos alimentares dos funcionários, que passaram a receber Vale Refeição pela administração da universidade ao invés de fazerem suas refeições no restaurante da Superintendência de Assistência Social (SAS).
A coordenadora do projeto, professora Maria Elisabeth Machado Pinto e Silva, conta que ”o objetivo é também prevenir a Síndrome Metabólica”, que é caracterizada pela associação de fatores de risco para as doenças cardiovasculares (ataques cardíacos e derrames cerebrais), vasculares periféricas e diabetes. A ideia, lançada em 2013, surgiu da iniciativa de Marlene Trigo, professora aposentada e diretora da seção de Assistência de Assuntos Comunitários da FSP, e conta com o apoio da Comissão de Qualidade e Produtividade e verba da Comissão de Cultura e Extensão.
Segundo Maria Elisabeth, as primeiras constatações, obtidas por meio de entrevistas com os trabalhadores, foram preocupantes. “Uma grande porcentagem está acima do peso. Em relação a equilíbrio de dieta, há o consumo excessivo de proteínas e gorduras e a falta de carboidratos. Em relação a atividades físicas, apenas 40% fazem algum tipo de exercício. Quase 40% dos funcionários tinham ao menos dois fatores de risco para manifestação de síndrome metabólica e 23% tinham três ou mais”.
Fases do programa
A partir disso, optou-se por dividir o programa em três fases. A primeira delas envolveu examinar os funcionários e analisar os dados obtidos. Na segunda, haverá uma conversa com os participantes (expondo a eles precisamente qual é o problema em questão), a distribuição de panfletos informativos (a respeito de dieta e hábitos saudáveis) e a promoção de oficinas e outras atividades para a melhora das condições de saúde. Por fim, a terceira fase contará com a promoção de cursos profissionalizantes e o estímulo a pratica de atividades físicas.
Apesar de o programa ser voltado para auxiliar os funcionários, a professora relata que a resistência de alguns a participarem foi uma dificuldade. “Chegaram a achar que, com esse projeto, eles [funcionários] perderiam o Vale Refeição e voltariam a comer no restaurante do SAS”, diz ela. Porém, ela menciona que isso nem foi cogitado. O que se pretende é que eles usem o benefício com qualidade, fazendo refeições balanceadas, como as que são feitas no restaurante do SAS.
No momento, o projeto completou sua primeira fase e parte da segunda com todos os funcionários de nível básico. Atualmente, as entrevistas da primeira fase estão sendo feitas com os trabalhadores de nível técnico e a intenção é estender a toda a classe trabalhadora da unidade. Simultaneamente, está sendo feita a avaliação dos panfletos a serem distribuídos. Ao todo, são quatro cartilhas: a primeira se refere ao ”café da manhã”, pois mais de 50% dos servidores pulam essa refeição; a segunda trata-se de “ como escolher o que comer”; a terceira mostra a importância das frutas e hortaliças na alimentação diária, porque constatou-se que mais de 40% dos entrevistados não consomem esses alimentos diariamente; a quarta, e última, trás a definição da síndrome metabólica: quais são os indicadores e como cada um se encontra perante essa síndrome.
A professora Elisabeth ainda revela que, ao longo da pesquisa, se surpreendeu com a forma que mesmo pessoas que têm bons conhecimentos sobre nutrição não costumam se preocupar tanto com a alimentação. “Esse tipo de atividade é um desafio para nós. Mas, ao conversar com as pessoas, é como se plantássemos sementes. O objetivo é fazê-las entender que a saúde pode ser tratada de diversas maneiras”.