O uso de medicamentos diferentes para doenças coexistentes é comum, mas a combinação das drogas, muitas vezes, pode reduzir a eficácia terapêutica delas ou favorecer o aparecimento de reações adversas com diversos graus de severidade. Devido à alta incidência simultânea de hipertensão, diabetes e depressão, pesquisadores da Universidade do Leste de Minas Gerais resolveram analisar a interação entre medicamentos utilizados para combater essas doenças em 663 pacientes moradores do município de Coronel Fabriciano (MG) inscritos no Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos (Hiperdia) do Ministério da Saúde.
Novas drogas, novas indicações e novas interações aparecem diariamente, comentam os pesquisadores em artigo publicado na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz. Complicações podem ser provocadas por interações entre fármacos e os profissionais prescritores podem não estar atentos a tal fato. As causas apontadas para explicar as potenciais interações incluem a complexidade dos medicamentos, a falta de informação nos serviços de saúde sobre elas e efeitos adversos e a falta de uma implementação efetivo de um modelo farmacêutico.
Os resultados da pesquisa apontaram que 78,9% dos pacientes apresentaram hipertensão, 4,8% diabetes e 16,3% ambas as enfermidades. Os dados sugerem um valor relativamente baixo para diabetes, comparado com aqueles pacientes que tem ambas as doenças, o que confirma a tendência da diabetes de desenvolver distúrbios cardiovasculares, afirmam os pesquisadores. A prevalência do uso de antidepressivos foi de 4,37%, estando os pacientes expostos a ambas as medicações a 47 tipos de interações diferentes.
A maior parte dessas interações (61,7%) ocorre pelo que os pesquisadores chamam de mecanismo farmacodinâmico de sinergismo, que pode causar sérios efeitos colaterais como hipertensão severa e hiperglicemia. As interações detectadas no tratamento de pacientes do Hiperdia que usam antidepressivos enfatizam o importante papel dos farmacêuticos de administrar as prescrições antes de dispensar os medicamentos, assim como monitorar os pacientes durante o tratamento, com o objetivo de prevenir reações adversas e sugerir as mudanças necessárias, melhorando a qualidade de vida e reduzindo os custos, concluem os pesquisadores.