O que é mais difícil, encontrar algo novo ou descrever o que foi descoberto? Certamente o primeiro, mas, para muitos, é a dificuldade de produção de um bom artigo científico o que mais tira o sono.
Uma dica é organizar as diferentes etapas do trabalho com base em uma seqüência lógica de informações. É o que sugerem Fabio Nahas e Lydia Ferreira, professores da Escola Paulista de Medicina (EPM), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em artigo que mostra as particularidades de uma redação científica, publicado na revista Acta Cirúrgica Brasileira e disponível na biblioteca on-line SciELO.
No texto A arte de redigir um trabalho científico, os pesquisadores analisam as dificuldades enfrentadas ao escrever, questionam o uso inadequado de jargões e apresentam regras básicas de escrita. Escrever é uma necessidade. O pesquisador não pode esquecer que se o conteúdo de seu estudo não for colocado no papel, suas descobertas podem não passar para as gerações futuras, disse Fabio Nahas à Agência FAPESP.
O professor da EPM aponta que muitas vezes é mais cômodo apresentar um trabalho na forma de projeções em algum congresso científico, por exemplo, do que escrever um artigo para revistas especializadas. Isso pode ocorrer por conta de o reconhecimento do público ser mais imediato num congresso. Na publicação, o reconhecimento é mais tardio, mas vem com intensidade maior, diz.
De acordo com Nahas e Lydia, durante a redação todo artigo passa por algumas fases de amadurecimento, divididas basicamente em colocar as idéias no papel, ordenar os assuntos em uma seqüência lógica e dar acabamento final ao texto, o que inclui correção de gramática, de concordância e de estilo.
Quem escreve deve sempre levar em conta a clareza e a objetividade. Um texto, apenas por ser longo, não será necessariamente mais bem compreendido pelo leitor, alerta Nahas. Ao redigir, outros pontos devem ser observados, como utilizar sentenças em ordem direta, evitar períodos extensos e preferir palavras mais simples.
A redação em língua estrangeira é também um grande desafio, pois muitas vezes os tradutores não têm o domínio de termos técnicos. Muitos artigos científicos excelentes não são aceitos em publicações internacionais por estar mal traduzidos, alerta Nahas.
Para ler o artigo A arte de redigir um trabalho científico na biblioteca on-line SciELO (Bireme/FAPESP), clique aqui.