Piscinões podem ser criadouros de pragas urbanas aponta pesquisa na FSP USP

Avaliar os aspectos ecológicos da fauna de culicídeos nos Reservatórios de Contenção de Cheias Caguaçu e Inhumas, verificando a diversidade, dominância, similaridade e riqueza de espécies. Correlacionar incidência de chuvas e variações de temperaturas com a abundância numérica de mosquitos, foi o objetivo da Dissertação de Mestrado: "Estudo da fauna de mosquitos (Diptera: Culicidae) em Reservatórios de Contenção de Cheias em área metropolitana da cidade de São Paulo, SP", defendida pela bióloga : Edna de Cássia Silvério, na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, no último dia 04/09/2008 e considerada pesquisa inédita no Brasil.

A cidade de São Paulo vem adotando medidas no enfrentamento das inundações, com a implantação dos Reservatórios de Contenção de Cheias “Piscinões”, que no período de estiagem e após as precipitações, propiciam a formação de criadouros de culicídeos, especialmente nas partes mais baixas dos piscinões.

A pesquisadora realizou coletas mensais de culicídeos, no período de março de 2006 a fevereiro de 2007, empregando-se os métodos de conchas e aspirador à bateria. Em laboratório, após o desenvolvimento das larvas, os adultos foram identificados até a categoria de espécie.

Foram coletados 8.917 espécimes de culicídeos, dos quais 7.750 larvas e pupas e 1.167 adultos. Os espécimes identificados foram distribuídos em 4 gêneros e 13 espécies. Observou-se a dominância de Culex (Culex) quinquefasciatus, que representou 98% dos espécimes coletados no Inhumas e 92% no Caguaçu. A maior freqüência de mosquitos foi registrada no Piscinão Inhumas (6.378 larvas e 930 adultos) e maior riqueza de espécies no Caguaçu (11 espécies). Verificou-se correlação positiva entre a temperatura a e abundância numérica de imaturos nas duas áreas, correlação positiva no Piscinão Caguaçu e correlação negativa no Inhumas entre a precipitação e a abundância numérica de imaturos e. As análises estatísticas demonstraram que os fatores abióticos analisados exercem pouca influência na população de adultos.

A pesquisadora constatou que, a espécie Culex quinquefasciatus mostrou-se dominante e mais freqüente nos dois ambientes. Medidas de controle da espécie nos piscinões estudados se fazem necessárias tendo em vista seu potencial epidemiológico na transmissão de agentes patogênicos e fatores de incômodo da população.

O Culex quinquefasciatus, espécie de mosquito mais encontrada pela pesquisadora nos piscinões analisados, é conhecida popularmente como "pernilongo" que no caso da cidade de São Paulo, não é responsável por doenças, mas incomoda os moradores da cidade pela coceira provocada por suas picadas e pelo barulho que faz ao voar, perturbando o sono de muita gente. A manutenção periódica dos piscinões, (que são boas soluções urbanísticas para conter enchentes na cidade), com medidas de controle dessa espécie, reduziria a população desses mosquitos, assim como de outras pragas urbanas (que não foram objeto específico deste estudo), melhorando a qualidade de vida da população, assim como prevenindo riscos de doenças e epidemias.

A pesquisa foi orientada pelo Dr. Paulo Roberto Urbinatti, biólogo do Departamento de Epidemiologia da FSP/USP.

Mais informações com a bióloga Edna de Cássia Silvério, pelo e-mail: edna-silverio@usp.br ou com o biólogo Dr. Paulo Roberto Urbinatti, pelo pelo e-mail: urbinati@usp.br

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