Pesquisadores discutem perspectivas para as pesquisas com células-tronco

A Lei de Biossegurança, aprovada recentemente, foi um dos temas em debate entre os pesquisadores que participaram da mesa-redonda “Células-tronco no Brasil: considerações e perspectivas” durante o 1º Encontro Brasileiro de Células-Tronco Embrionárias Humanas, realizado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) na sexta-feira (4/11).

Segundo eles, a lei, que autoriza a derivação de linhagens de células-tronco, é um bom começo, apesar de não permitir a transferência nuclear. “Após a aprovação da lei, a mensagem que foi captada equivocadamente pela população era de que se iniciaria no país o tratamento clínico com células-tronco. Mas temos uma série de questões que precisam ser resolvidas antes do uso terapêutico”, observou a pesquisadora Lygia da Veiga Pereira, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP).

Lygia falou sobre a importância das células-tronco embrionárias para a pesquisa básica. “Temos de investir no uso delas para a geração de modelos animais em que possamos estudar a progressão da doença e tentar novas terapias”, afirmou a pesquisadora.

Para Rosalia Mendez-Otero, da UFRJ, ainda existem obstáculos a serem superados, como os meios de cultivo e o problema da rejeição e da formação de teratomas (tumores). “A curto prazo, as células-tronco embrionárias humanas ainda não são uma perspectiva para uso clínico. Até agora, todos os protocolos clínicos no Brasil têm usado células-tronco adultas”, disse.

“Nossa próxima batalha é pela aprovação da clonagem terapêutica”, afirmou Patrícia Pranke, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Patrícia foi, ao lado de Mayana Zatz, coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano da USP, uma das principais vozes pela aprovação da Lei de Biossegurança. “A lei tem limitações, mas podemos fazer terapia celular e isso é razoável no momento”, disse a pesquisadora gaúcha.

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