A maior pesquisa brasileira sobre as causas das doenças cardiovasculares e do diabetes, idealizada pelo Hospital Universitário (HU) da USP, acaba de receber apoio do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde. O objetivo do estudo é descobrir os fatores que aumentam as chances problemas cardiológicos e diabetes. "Será possível saber, por exemplo, se tudo o que foi descrito nos Estados Unidos e Europa se aplica à nossa sociedade, que se estrutura, vive e adoece de forma diferente. Um aspecto importante será verificar o peso das diferenças sociais no aparecimento de doenças", explica Paulo Andrade Lotufo, superintendente do HU.
Cerca de 15 mil pessoas participarão do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa Brasil) e serão acompanhadas por 20 ou 30 anos. Poderão participar professores e funcionários das universidades envolvidas, com idades entre 35 e 74 anos. A partir de 2006, essas pessoas começam a ser recrutadas pelas instituições. A escolha do público a ser pesquisado levou em conta a estabilidade de emprego, que facilita o acompanhamento do quadro de saúde por um período longo.
Para a realização da pesquisa, o governo federal – por meio dos ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia – investirá R$22,6 milhões, que serão suficientes para o financiamento do estudo nos anos de 2006, 2007 e 2008. O estudo tem também o apoio e a participação de outras seis instituições: a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), as universidades federais da Bahia (UFBA), de Minas Gerais (UFMG), do Espírito Santo (UFES) e do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Os participantes do estudo serão investigados em vários aspectos diferentes, desde os genes até suas condições de vida. "As diferenças sociais e de gênero, bem como os aspectos específicos da dieta do brasileiro, serão associados tanto ao diabetes como às doenças cardiovasculares", diz Lotufo. Para isso, as instituições participantes terão uma estrutura para a realização de entrevistas, de exames laboratoriais periódicos, de ultrassonografia, ecocardiografia e eletrocardiografia.
Segundo o Ministério da Saúde, o percentual de prevalência da hipertensão no Brasil chega a 35% da população com idade igual ou superior a 40 anos, ou seja, cerca de 12 milhões de pessoas. No caso do diabetes mellitus, esse índice é de 11%, o que representa quase 4 milhões de brasileiros na referida faixa etária.
Fonte: Assessoria de imprensa do HU