A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um relatório com elogios ao sistema público de saúde no Brasil, mas alertou para a necessidade urgente de financiamento na área. Até 1988, metade dos brasileiros não contava com nenhum tipo de cobertura. Duas décadas após a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), mais de 75% da população depende exclusivamente dele.
O Programa Saúde da Família, que cobre 97 milhões de brasileiros, é considerado pela OMS como a peça-chave do SUS, uma vez que conta com mais de 30 mil equipes com esforços concentrados para alcançar as comunidades mais pobres e mais isoladas do País.
Outro destaque positivo é a rede de serviços oferecidos, que inclui cirurgias cardíacas, diagnóstico laboratorial e exames médicos de alta tecnologia. A OMS cita ainda os programas de vacinação e de saúde bucal e as campanhas de prevenção a doenças do Brasil.
O relatório aponta a descentralização do SUS como fundamental na reforma da saúde do País, destacando que, em 1996, a legislação transferiu parte da responsabilidade gestora e financeira da rede para os Estados e municípios, que deveriam repassar para o setor 12% e 15% do orçamento, respectivamente.
De acordo com a OMS, o sistema de repasse de verba tem funcionado bem no nível municipal – com 98% dos municípios atingindo a meta de 15%. Mas o compromisso não vem sendo cumprido pelos governos estaduais, já que mais da metade dos 26 Estados não cumpre o repasse de 12%.
No nível federal, o problema, segundo a OMS, é a falta de financiamento. O gasto per capita do governo brasileiro com a saúde foi de US$ 252 em 2007, ficando atrás de países como a Argentina e o Uruguai.
O relatório cita a extinção da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) em 2007 e destaca que o financiamento inadequado está ligado a problemas como a má estruturação de hospitais e ao quadro deficiente de profissionais de saúde.
Muitos pacientes, no lugar de acessar serviços de saúde primários, somente procuram o sistema de saúde pública no último minuto, muitas vezes, por meio das emergências de hospitais, afirma a OMS.