O novo Padrão Internacional de Crescimento Infantil desenvolvido pela OMS – Organização Mundial da Saúde (The WHO Child Growth Standards) que se refere aos recém-nascidos e lactentes foi lançado na última semana de abril de 2006, e confirma que as crianças de todo o mundo têm o mesmo potencial de crescimento, e se baseia na criança alimentada com o leite materno, como norma essencial para o crescimento e o desenvolvimento. "O Padrão de Crescimento Infantil da OMS proporciona novos meios para ajudar a cada criança a aproveitar as melhores oportunidades de desenvolvimento nos anos mais importantes de sua formação" declarou o Dr. LEE Jong-wook, Diretor Geral da Organização Mundial da Saúde. "Neste contexto, o padrão permitirá reduzir as taxas de mortalidade e doenças em lactentes e crianças pequenas."
Este novo padrão significa um avanço notável em eqüidade social e estará plasmando mudanças na abordagem e atitudes das autoridades de saúde, médicos e demais profissionais da saúde, assim como da população em geral, sobre políticas, diagnósticos, acompanhamento e tratamentos sobre o crescimento normal das crianças, no que se refere à altura e massa corporal. Essa mudança é fruto de conhecimento científico, nascido de um amplo estudo realizado em escala mundial pelo Grupo de Trabalho sobre Crescimento Infantil estabelecido pela OMS em 1990, com foco em como devem crescer as crianças, incluindo a nutrição, o aleitamento materno, o meio ambiente, a atenção à saúde, e os fatores genéticos e etnicos.
Em editorial "Gráficos de crescimento para bebês alimentados com leite materno", publicado no número de março/abril de 2004 no Jornal de Pediatria da coleção SciELO Brasil, Mercedes de Onis e César G. Victora afirmam que "os gráficos de crescimento são ítens essenciais no arsenal de ferramentas do pediatra. Eles são valiosos porque ajudam a determinar até que ponto estão sendo atendidas as necessidades fisiológicas que garantem o crescimento e o desenvolvimento durante o importante período da infância". E antecipam os avanços do novo Padrão, afirmando que uma ‘característica-chave’ da nova referência é que ela torna a amamentação com leite materno a ‘norma’ biológia, e estabelece os bebês que recebem leite materno como o modelo normativo de crescimento.
As políticas de saúde e o apoio público ao aleitamento materno serão reforçados quando os bebês alimentados desa forma se tornarem a referência para o crescimento e desenvolvimento normal."
A justificativa para elaborar o novo padrão de referência internacional do crescimento surgiu do WHO Working Group in Child Growth (Grupo de Trabalho sobre o Crescimento Infantil) estabelecido pela OMS em 1990. O Grupo recomendou um enfoque que descrevesse:
– como deviam crescer as crianças, em vez de descrever como cresciam as crianças;
– como usar uma amostra internacional para ressaltar a semelhança do crescimento durante a primeira infância entre diversos grupos étnicos;
– e que fossem aproveitados os métodos analíticos modernos, e que fossem incluídos os vínculos entre as avaliações antropométricas e os resultados funcionais, até onde fosse possível.
Melhorar as referências internacionais do crescimento para serem o mais parecidos possível aos padrões, ajudaria na vigilância e no resultado de uma grande gama de metas internacionais relacionadas com a saúde e outras facetas da eqüidade social.
Além de proporcionar instrumentos cientificamente sólidos, baseados em informação e pesquisa científica (veja resultado de busca na BVS – Biblioteca Virtual em Saúde ao final da matéria). Uma nova referência baseada em uma amostra mundial de crianças cujas necessidades de saúde estivessem satisfeitas, proveria um instrumento útil de promoção da saúde infantil. Seria também um instrumento extremamente útil para o apoio ao desenvolvimento de políticas de saúde e apoio aos provedores de atenção de saúde e outros interessados em promover a saúde das crianças.
As referências do crescimento são um dos instrumentos mais valiosos e usados com mais freqüência para avaliar o bem-estar geral dos indivíduos, de grupos de crianças e das comunidades nas quais vivem. A vulnerabilidade da saúde dos lactentes [crianças entre 1 e 23 meses de idade] e os recém nascidos, faz com que as avaliações do crescimento das crianças sejam indicadores "sentinela" das avaliações da saúde e do desenvolvimento sócio econômico das comunidades nas quais vivem.
O Estudo liderado pela OMS foi iniciado em 1993, e contou com a coordenação de Mercedes de Onís, consultora do WHO Department of Nutrition for Health and Development (Departamento de Nutrição da Organização Mundial da Saúde), em Genebra, Suíça. Que, em conjunto com sua equipe liderou o trabalho empírico de mais de 33 cientistas de renome mundial, e alta especialização no tema, dos países Brasil, Gana, Índia, Noruega, Omã e Estados Unidos. O Brasil, único país da América Latina incluído na pesquisa empírica, teve em sua equipe o cientista César Victora entre outros pesquisadores do Departamento de Nutrição e do Departamento de Medicina Social da Universidade Federal de Pelotas e do Centro de Pediatria e Faculdade de Psicologia da Universidade Católica de Pelotas.
O estudo demonstrou que, se os bebês recebem condições saudáveis, todos têm o mesmo desenvolvimento, independentemente da geografia. "Houve uma pequena variação de estatura de crianças norueguesas, mas pouco significativa", disse o pesquisador César Victora, responsável pelo estudo no Brasil.