Novo método testado em São Carlos pode baratear exame de paternidade

Cada vez mais utilizado em processos jurídicos para solicitação de registro e pensão, o teste de paternidade com DNA ainda é um procedimento caro, custando entre R$ 1 mil e R$ 2 mil no caso de amostras de pais vivos. Além da compra e manutenção do equipamento, o método mais usado atualmente, chamado de eletroforese capilar, demanda o uso de substâncias como reagentes e iniciadores, contidos em kits específicos para este fim, o que explica o alto preço final.

Visando reduzir este custo,  Karina Fraige, química e pesquisadora do do Grupo Bioanalítica, Microfabricação e Separações (BioMicS), do Instituto de Química da USP São Carlos (IQSC) testou um novo sistema. Ela utilizou um equipamento mais barato do que os disponíveis no mercado, que exige uma quantidade menor de reagentes, e que podem ser adquiridos separadamente dos kits. Os resultados indicaram que, apesar de ainda precisar ser aperfeiçoada, a nova técnica – mais barata e mais rápida – poderá ser usada para averiguar paternidade.

Karina usou um equipamento miniaturizado de eletroforese capilar, montado no laboratório do grupo. Diferentemente dos aparelhos utilizados no mercado, que têm de dezenas a centenas de capilares, este possui somente um capilar, que é um fino tubo de sílica por onde a amostra de DNA passa para que seus fragmentos sejam separados pela atuação de um campo elétrico (eletroforese). Assim, são obtidos gráficos comparativos (eletroferogramas) que permitem dizer se os fragmentos de DNA testados são idênticos.

Os trechos do DNA são retirados de 13 regiões específicas, chamadas de marcadores de DNA, que são as herdadas do pai e da mãe. Para que a paternidade ou maternidade seja comprovada, é preciso que no mínimo 11 das 13 regiões testadas produzam eletroferogramas com picos idênticos.

“O custo de montagem do nosso equipamento foi cerca de 15 vezes menor do que o valor dos equipamentos usados hoje em dia para o teste de paternidade, que gira em torno dos US$ 150 mil. Além disso, podemos usar reagentes independentes dos kits comerciais utilizados normalmente, e as análises podem ser feitas em apenas um capilar, o que também barateia bastante o processo”, explica a pesquisadora.

Karina acredita que o novo método poderá ser utilizado futuramente em hospitais e laboratórios médicos, mas ressalva que os testes realizados são apenas o início de um processo que precisa ser aprimorado, realizando-se, por exemplo, algumas adaptações na parte ótica do equipamento para que sejam obtidos resultados com o grau de exatidão exigido.

Mais informações: Karina Fraige, e-mail kfraige@yahoo.com.br. Pesquisa orientada pelo professor Emanuel Carrilho e financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

For security, use of Google's reCAPTCHA service is required which is subject to the Google Privacy Policy and Terms of Use.