Nova técnica acelera o diagnóstico da leptospirose

A leptospirose, doença típica de países nos quais os sistemas de saneamento básico se encontram em situação precária ou sequer existem, pode ter diagnóstico mais barato e rápido. Na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP, a  pesquisadora Roberta Morozetti Blanco aplicou a glicolipoproteína (GLP) – extraída da bactéria leptospira, vetor da doença – em testes que utilizam a técnica de dot-blot (em que uma solução na qual se encontra a GLP é aplicada em uma membrana como um ponto) com o objetivo de aprimorar o diagnóstico da doença e torná-lo mais precoce.

A idéia de Roberta para sua dissertação de mestrado surgiu a partir de um projeto do Instituto Adolfo Lutz, da pesquisadora Eliete Caló Romero, que visava verificar o envolvimento da GLP na resposta imune em pacientes com leptospirose. A GLP é uma toxina causadora dos sintomas da leptospirose estudada no Instituto desde 1997. 

O principal método de diagnóstico recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é o teste de microaglutinação (MAT). Porém, além de não proporcionar um diagnóstico rápido, o MAT ainda necessita de técnicos especializados para a sua realização. O dot-blot, com a utilização da GLP, mostrou ser uma técnica mais rápida, mais simples e que utiliza poucos reagentes, o que barateia seu custo.

Por enquanto, a técnica inovadora é aplicada junto às duas outras existentes para o diagnóstico da doença: o ELISA IgM, cujo alcance é nacional por meio do Ministério da Saúde, e o MAT (Teste de Microaglutinação), exame difundido no Adolfo Lutz e outros laboratórios de referência na área. “Se tudo der certo, a idéia é colocar como diagnóstico”, afirma Roberta, que relata a continuação do projeto desenvolvido na dissertação, porém com uma gama maior de pacientes.

Problema crônico
No Brasil, a maioria das infecções ocorre por meio do contato com água de enchentes contaminadas com urina de rato. Devido à ineficácia das redes de esgoto, da coleta de lixo inadequada e das conseqüentes inundações, a leptospirose atinge principalmente a população da periferia das grandes cidades, que têm maior contato com roedores e água contaminada. “Como a doença atinge principalmente a população mais pobre e raramente é transmitida de pessoa para pessoa, não atrai investimentos das industrias privadas para sua melhoria e prevenção, como, por exemplo, na fabricação de vacinas para seres humanos”, afirma Roberta.

A leptospirose sempre avança na proporção das enchentes e é muito sub-notificada, pois suas formas brandas são, por várias vezes, confundidas com gripe e dengue, quando há procura por assistência médica, e nem sempre se atingem as formas graves. “Os casos notificados representam cerca de 10% do número real no Brasil”, diz a pesquisadora.

Os sintomas da doença geralmente são febre, dores musculares, principalmente na panturrilha, e mal-estar. Quando alcança estágios mais severos, causa problemas renais e no fígado, hemorragias e icterícia, coloração amarelada da pele e das mucosas causada pelo acúmulo de um pigmento chamado bilirrubina.

Mais informações: e-mail rmorozetti@yahoo.com.br (com Roberta)

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