Mulheres na ciência: ainda é preciso avançar

Encerrando o mês em homenagem às mulheres, o Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça da Fiocruz reuniu trabalhadoras, colaboradoras e cientistas em uma justa reverência àquelas que ajudaram a escrever a história da Fundação e mudar os rumos da ciência no país. Duas pesquisadoras tiveram destaque: Maria Cecília Minayo, da ENSP, e Euzenir Nunes Sarno, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Na abertura do encontro, o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, e o diretor da ENSP, Hermano Castro, reconheceram e agradeceram todo o trabalho desenvolvido pelas mulheres da Fundação. Gadelha demostrou grande satisfação em falar sobre o aumento da participação feminina na ciência. No entanto, segundo ele, os desafios ainda estão presentes.

A coordenadora do Comitê Pró-Equidade e pesquisadora do Centro de Pesquisas René Rachou (Fiocruz Minas), Elizabeth Fleury, apresentou, junto com Stela Meneghel, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o Dicionário Feminino da Infâmia – Acolhimento e Diagnóstico de Mulheres em Situação de Violência. O presidente da Fundação revelou que a publicação já foi aceita pela Editora Fiocruz e disse que a ideia é que o dicionário circule rapidamente em todo o território nacional.

O diretor da ENSP, Hermano Castro, agradeceu todo o trabalho, esforço e dedicação de Cecília Minayo às pesquisas na Escola e parafraseou o dramaturgo e poeta alemão do século XX Bertold Brecht para homenageá-la: “Há mulheres que lutam um dia, e são boas; Há outras que lutam um ano, e são melhores; Há aquelas que lutam muitos anos, e são muito boas; Porém, há as que lutam toda a vida. Estas são as imprescindíveis”.

“Eu caminhei em vários caminhos, estive em várias instituições, mas quando cheguei na Fiocruz tive a certeza de ter encontrado o meu lugar!”, disse Cecília Minayo, emocionada, após receber sua homenagem. A pesquisadora, que também é coordenadora do Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli (Claves/ENSP) e editora da revista Ciência & Saúde Coletiva, ressaltou que apesar de já estar aposentada, se dedica 24 horas ao trabalho que realiza e ainda não pensa em parar. “Tenho muita responsabilidade e sinceridade com o que realizo, sou muito feliz aqui e estou muito contente por esta homenagem ter sido prestada pelo meu lugar”.

A vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, destacou a qualidade dos temas escolhidos para apresentação. Segundo Nísia, sobre a questão de gênero, do ponto de vista da política geral institucional da Fiocruz, “houve um grande avanço, mas nos micropoderes ainda temos muito o que avançar”. Ela também comentou, com pesar, o resultado da pesquisa Sistema de Indicadores de Percepção Social (Sips), realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a qual indica que 65% dos entrevistados concordam com a frase “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”. “Isso é um alerta”, ressaltou Nísia.

A mesa Panorama das pesquisas sobre Mulheres Trabalhadoras no Brasil foi apresentada pelas pesquisadoras do Centro de Estudos em Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana da ENSP, Márcia Agostini e Vanda D’Acri. Durante sua apresentação, Marcia alertou que não vê o movimento de gênero crescente dentro da Escola e colocou esta questão como um desafio para o Comitê, principalmente pelo pequeno número de pesquisadores que atualmente estudam o tema na instituição. Vanda traçou um panorama da construção do Cesteh e o seu foco nas questões da saúde do trabalhador na Fiocruz. Marcia ressaltou ainda a atuação de vanguarda de Anamaria Testa Tambellini na área.

Na mesa foram abordadas as pesquisas sobre a saúde da mulher trabalhadora e também a atuação das mulheres à frente da luta pelo banimento do amianto.

 

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