Ministra da Saúde aponta prioridades do governo durante presidência do G20

Em seminário realizado pelo Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz), a ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima, pontuou as prioridades do governo no setor durante a presidência do Brasil do G20, iniciada no dia 1º deste mês. Entre os eixos temáticos do grupo de trabalho e as prioridades destacadas pela ministra, estão equidade em saúde, preparação para pandemias e sistemas de saúde resilientes. O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, também participou do webinário e compactuou com a mensagem da ministra e seus objetivos, reforçando que pretende continuar trabalhando com o governo brasileiro e a Fundação em prol de um mundo mais saudável e sustentável.

É possível assistir aos encontros com tradução para o português, inglês e espanhol (imagem: Divulgação)

O presidente da Fiocruz, Mario Moreira, participou do primeiro bloco do webinário, deu as boas-vindas aos colegas e afirmou que a Fiocruz está “integralmente envolvida, dedicada e alinhada com o governo brasileiro, colocando toda sua capacidade institucional a favor de uma boa participação do Brasil (na presidência do G20) e a favor de bons resultados para o mundo; que tenhamos um mundo mais equilibrado, justo e com menos desigualdades”.

Ao iniciar sua fala, a ministra Nísia Trindade Lima disse que a saúde é essencial para que se construa um planeta mais justo e sustentável e para que se pense o papel do combate à fome, à pobreza e à desigualdade em função da melhoria das condições de vida das populações. “A equidade é uma prioridade transversal a todas as outras; mais do que uma prioridade, é um princípio”, afirmou ela sobre o projeto do governo na presidência do G20. “A ideia é garantir uma vida saudável, reduzindo as barreiras de acesso aos serviços de saúde, com respeito às diversidades, modos de vida dos povos e populações, garantir igualdade de oportunidades, abordar os vazios assistenciais e promover o direito das populações mais vulneráveis”.

A ministra destacou a necessidade do fortalecimento dos sistemas de saúde para dar conta dos desafios atuais de saúde global, intensificados pelas mudanças climáticas. Ela afirmou que o tema da presidência brasileira do G20 para o Grupo de Trabalho de Saúde será sistemas de saúde resilientes; dentre os resultados esperados, há o objetivo amplo de fortalecer os sistemas nacionais de saúde, a atenção primária e valorização dos profissionais de saúde.

Eixos temáticos

Segundo Nísia Trindade Lima, as prioridades do GT de Saúde do G20 são: o alcance dos objetivos do desenvolvimento sustentável, com foco no objetivo 3 (saúde e bem-estar), fortalecimento dos sistemas nacionais de saúde para maior inclusão e a busca pela equidade em saúde. Tais eixos temáticos orientam as quatro prioridades: equidade em saúde, prevenção, preparação e resposta a pandemias, com foco na produção local e regional de medicamentos, vacinas e insumos estratégicos, saúde digital para a expansão da telessaúde, integração e análise de dados dos sistemas nacionais de saúde; e mudanças climáticas e saúde.

A ministra destacou a Fiocruz e suas capacidades como importantes para colaborar com o projeto do governo, citando, por exemplo, o Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/ Fiocruz), que “além de diversas contribuições, nos permite trabalhar com a questão do clima e saúde a partir do tema de dados”.

Preparação para pandemias 

Em sequência à fala da ministra, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, ressaltou o ponto sobre preparação e resposta a pandemias, destacando que é preciso aprender as lições da crise de Covid-19. Adhanom lembrou ainda as negociações para um acordo pandêmico e afirmou que espera sejam concluídas a tempo da próxima Assembleia Mundial de Saúde, em maio. Ele acredita que o Brasil pode ter papel fundamental nessas negociações. “Tenho confiança na sua liderança (referindo-se à ministra) e na do presidente do Brasil”, disse.

Diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom ressaltou que é preciso aprender as lições da crise de Covid-19 (imagem: Divulgação)

Adhanom se referiu ao trabalho da Fiocruz: “A pandemia nos mostrou que a produção de vacinas e insumos está concentrada em poucas mãos. A produção é fundamental para que tenhamos uma resposta mais efetiva para pandemias futuras, através de instituições como a Fiocruz, com ampla experiência no desenvolvimento e produção para compartilhar com o mundo. Espero trabalhar com vocês durante a presidência do Brasil no G20 e muito além disso”.

O diretor-geral da OMS afirmou ter muito orgulho das parcerias já existentes com a Fundação, como com Bio-Manguinhos. Ele destacou que o Brasil é um parceiro fundamental no programa de transferência de tecnologia, além das vacinas contra a Covid-19. Adhanom também comentou a meta de equidade em saúde do projeto brasileiro, salientando que a redução das desigualdades é fundamental para o progresso em prol de um mundo sustentável.

COP 28 e mensagem do Papa

O seminário especial de fim de ano do Cris/Fiocruz se dividiu em duas partes. Se a primeira tratou sobre o G20, o desta quinta-feira (14/12) abordou a Saúde na COP 28 e o ineditismo do tema ter tido um dia voltado para ele na cúpula. A abertura do webinário, o último do ano, contou com a leitura de uma carta enviada pelo Papa Francisco através do secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin. Na mensagem, o pontífice saudou os participantes do webinário, “fazendo votos de que o encontro possa gerar ações concretas em favor da preservação do meio ambiente e a conscientização de que o cuidado com toda a criação tem impacto direto sobre a qualidade de vida e a saúde humana”.

Coordenador do Cris/Fiocruz, Paulo Buss mediou o webinário e agradeceu aos painelistas pela “honra” de participarem do seminário “de suma importância”, destacando a fala da ministra como “líder da saúde pública brasileira” e do diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, como “um líder que tem orientado todas as perspectivas de saúde em um mundo tão conturbado”.

Os webinários de quarta e quinta-feira tiveram discussões mais amplas – sobre a saúde no G20 e a saúde na COP 28 – com a participação de representantes de instituições do governo, da sociedade civil e da Fundação. É possível assistir aos encontros com tradução para o português, inglês e espanhol.