Uma pesquisa realizada com alunos de 6 a 14 anos de escolas municipais e estaduais de Campinas, em São Paulo, apontou que é reduzida a adesão dos estudantes às refeições distribuídas pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Além disso, de acordo Mariana Schievano Danelon, autora do estudo, a prática de atividades físicas é insuficiente e pode ser um dos determinantes da alta taxa de excesso de peso encontrada entre estes alunos.
A partir de questionários realizados com 324 crianças e seus pais, a bacharel em Ciências dos Alimentos constatou que 19,8% delas apresentavam sobrepeso ou obesidade, quando a proporção esperada do problema em uma dada população seria 15% (em razão de questões genéticas). O alto índice acompanha uma tendência verificada em todo o mundo: a chamada transição nutricional, com redução das taxas de baixo peso e aumento da prevalência do excesso de peso.
Mas a questão não deixa de ser preocupante, já que, se não houver um diagnóstico precoce e intervenção eficaz, estas crianças muito provavelmente apresentarão excesso de peso também na idade adulta, tendo mais riscos de sofrer de doenças cardiovasculares, entre outras.
Sedentarismo
Um outro resultado importante encontrado está relacionado à prática de atividades físicas entre adolescentes (maiores de 10 anos). Os dados revelam que 47,7% das meninas e 64,3% dos meninos entrevistados são ativos, isto é, dedicam pelo menos 300 minutos por semana às atividades físicas, enquanto que 29,6% das meninas e 19% dos meninos são sedentários, praticando menos de 150 minutos de atividades físicas semanalmente. Os demais entrevistados estão situados em posição intermediária neste quesito.
Também foi constatado que 40,6% destes adolescentes passam mais de quatro horas por dia em frente à televisão, computador ou videogame, atividades que queimam poucas calorias. Isso pode ser explicado pela falta de opções de lugares públicos para a prática de esportes e exercícios. Na própria educação física, percebemos que um pequeno tempo da aula é gasto de fato nas atividades que demandam alto gasto de energia.
Para a pesquisadora, a escola deve exercer um importante papel no estímulo ao esporte, bem como a uma alimentação adequada. A escola ocupa o segundo lugar de importância para a formação de hábitos alimentares e do estilo de vida, ficando atrás apenas da instrução conferida pelos pais destas crianças e adolescentes, ressalta.
Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)
Apenas 35% dos entrevistados afirmaram consumir diariamente as refeições oferecidas na escola, sendo a adesão mais freqüente entre os alunos de menor idade e pertencentes a famílias com menores rendimentos. Cerca de 76% dos alunos adquiriam alimentos vendidos nas cantinas escolares, sendo este consumo mais freqüente entre os alunos com maior renda familiar.
É preciso investigar melhor o porquê desta baixa adesão ao PNME para, se for o caso, propor modificações no cardápio. Alguns alunos também relataram problemas estruturais e de desconforto nos refeitórios, conta a pesquisadora.
A pesquisa de Mariana resultou na dissertação de mestrado Estado nutricional, consumo alimentar e estilo de vida de escolares de Campinas SP, defendida em outubro de 2007 na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), e foi viabilizada em decorrência do apoio financeiro do CNPq a um projeto maior, que envolveu também as seguintes instituições: Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação (NEPA) da Unicamp, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e Universidade Paranaense (UNIPAR).
Mais informações: Mariana Danelon, e-mail: mariana.danelon@ig.com.br