Médicos alertam para uso incorreto de antibióticos em crianças no inverno

Nos meses de inverno, que se caracterizam por temperaturas mais baixas e permanência por mais tempo em ambientes fechados – o que facilita a infecção cruzada entre pessoas -, é freqüente o aumento de certas inflamações, como amigdalites, otites e sinusites. O incômodo que essas doenças produzem nas crianças leva muitos pais a recorrerem a medicações sintomáticas (muito freqüentemente anti-inflamatórios) inadequadas, que podem retardar a cura ou, até mesmo, produzir efeitos inversos ao que se pretende.

Em alguns casos, é feito o uso de antibiótico sem orientação médica, com sérios riscos para a criança. O uso inadequado desses medicamentos pode mascarar sintomas e retardar o diagnóstico correto e o início do tratamento. A intervenção medicamentosa deve ser feita por um médico e caberá a ele definir quando é necessário ou não utilizar antibióticos.

Segundo exemplifica o médico Evandro Roberto Baldacci, pediatra e professor do Instituto da Criança (ICr) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM)  da USP, somente cerca de 15% das amigdalites com pus exigem o uso de antibióticos. São as amigdalite esteptocócica do grupo A que podem levar à doença febre reumática se não forem adequadamente tratadas com a utilização correta de antibióticos.

Nos demais 85% dos casos, as amigdalites geralmente são de origem viral e não há necessidade de se tomar antibióticos. “Em todas as situações, o diagnóstico feito por um leigo pode ser perigoso. Por isso, sempre é importante procurar um serviço médico, onde se determinará a origem daquela doença”, recomenda Baldacci. E alerta: “muitas crianças tomam antibióticos sem precisar, muitos precisam e não tomam e muitos, ainda, tomam de forma errada, por um período inferior ao recomendado ou na dosagem incorreta”.

Da mesma forma, as otites também levam muitos pais a apelarem para o uso de medicamentos sem orientação médica. Cerca de 80% dos casos podem ser curados sem necessidade de antibióticos, explica. O uso do antibiótico é bem estabelecido e deve levar em conta a idade da criança e a intensidade da otite. “Todas as crianças com até seis meses de idade devem receber antibiótico com otite confirmada ou mesmo suspeita. Em crianças de seis meses a 2 anos, o antibiótico é indicado somente quando forem casos graves, com muita dor e febre superior a 39 graus . Acima dos dois anos de idade aconselha-se a esperar de 48 a 72 horas e reexaminar a criança para verificar se há melhora ou não antes de utilizar antibiótico”, detalha o pediatra.

Nos casos de sinusite, além do risco da auto-medicação existe a crença equivocada de que o diagnóstico deve ser feito por Raio-X. “O diagnóstico é clínico”, explica o especialista do ICr. Os pais devem suspeitar de sinusite quando a criança tiver um resfriado com muita tosse, coriza (ou seja, nariz escorrendo uma secreção espessa e amarelada) e, às vezes, mau hálito por um tempo maior do que quatro dias (com febre) ou do que dez dias (sem febre).

Com esse quadro e algumas avaliações clínicas, o médico tem todas as condições de fazer um diagnóstico preciso se a criança tem ou não sinusite. O uso de Raio-X não é inócuo, pois a radiação pode ser prejudicial ao organismo. E na fase aguda da sinusite o Raio-X é inútil como forma de auxílio ao diagnóstico.

Fonte: Núcleo de Comunicação Institucional do HC

Mais informações: (11) 3815-3686 com Simon Widman ou Estela Ladner

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