O médico brasileiro Paulo Reis, que trabalha com a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF), acaba de chegar de Serra Leoa, onde, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 783 pessoas já foram infectadas com o vírus Ebola.
Com atuação em outros dois projetos de MSF de Ebola e no tratamento de Marburg, febre hemorrágica com sintomas semelhantes ao Ebola e que também exige isolamento, Paulo Reis é considerado hoje um dos médicos mais experientes no tratamento do vírus. Ele afirma que, caso a doença chegue ao Brasil, não será um problema de saúde pública. “Os hábitos culturais do brasileiro, o modo como a gente encara a doença é muito diferente daquela região da África. Então, certamente, se houvesse algum caso hipotético, importado, certamente seria controlado e não teria um impacto maior”, afirma.
A diretora-geral de MSF-Brasil, Susana de Deus, explica que as regiões africanas afetadas necessitam de um envio maciço de recursos para controlar a epidemia e que o surto é possível de ser contido. “No geral, o que o MSF está vendo nestes países é que falta muita coisa. Faltam recursos humanos, faltam médicos, epidemiologistas, infectologistas, equipamentos, água e saneamento básico”, explica.
Em resposta ao chamamento da OMS por apoio e cooperação internacional o governo brasileiro está doando R$ 1 milhão à OMS para fortalecer as ações e interromper a transmissão do vírus nos países afetados pela epidemia. Em junho o Brasil enviou para a República da Guiné quatro kits, cada kit atende cerca de 500 pessoas por três meses. Cada kit contém 48 itens, sendo 30 tipos de medicamentos, incluindo antibióticos e anti-inflamatórios, e 18 insumos para primeiros-socorros, como luvas e máscaras. O Ministério da Saúde também prepara o envio de cinco kits para Serra Leoa e cinco para Libéria.
O MS esclarece que não há caso suspeito ou confirmado da doença no Brasil. Vale ressaltar que o risco de transmissão para o país é considerado baixo. De acordo com os dados oficiais divulgados pela OMS, os países acometidos pelo surto do vírus Ebola são Guiné, Libéria e Serra Leoa, todos situados na África Ocidental.
O Ministério da Saúde recebe, diariamente, informações da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre a situação de circulação de vírus no mundo, inclusive o Ebola, além de quaisquer outras situações que possam se caracterizar como emergência de saúde pública. Como a doença é transmitida pelo contato direto com sangue, secreções, órgãos e outros fluidos corporais de pessoas ou animais infectados, a transmissão para outros continentes é considerada como pouco provável.