Pesquisadores da Universidade de Caxias do Sul (UCS) comprovaram a eficácia do papel filtro no diagnóstico do vírus HIV e de outras doenças. O estudo avaliou a testagem por amostra seca em papel filtro, uma técnica que analisa uma pequena quantidade de sangue coletada do paciente e aplicada ao papel. A pesquisa, financiada pelo Programa Nacional de DST/Aids e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), abrange duas etapas.
Na primeira fase, concluída neste mês de janeiro, os resultados foram bastante positivos. A avaliação de sensibilidade no papel filtro para teste anti-HIV (capacidade de dar resultados positivos) apresentou 100% de aproveitamento e a de especificidade (capacidade do teste de identificar as pessoas que não tem o vírus) teve 99,5% de resultados favoráveis, confirma o chefe do Laboratório de Pesquisa em HIV e Aids da UCS, Ricardo da Silva de Souza.
Para chegar à conclusão, foram analisadas 309 amostras entre 3 de dezembro de 2004 e 3 de janeiro de 2005, sendo que o material foi submetido a diferentes condições de temperatura e umidade, comparáveis a cidades de várias partes do País. "Conseguimos nos certificar que é possível fazer o diagnóstico do HIV com o papel filtro e mostrar que ele funciona, tem estabilidade de até 35 dias sem condições especiais de armazenagem, ou seja, se adapta bem à temperatura ambiente", assegura. Com essas informações, a técnica poderá ser uma alternativa em regiões de difícil acesso ou de pouca estrutural laboratorial.
Além de validar o método, a pesquisa mostrou outros pontos positivos dessa forma de amostragem, como a coleta e o armazenamento fáceis, necessidade de pouca estrutura e recursos humanos, capacidade de gerar respostas rápidas (via internet e correio) e baixo custo.
Durante o estudo, os pesquisadores também fizeram análises preliminares de confirmação dos resultados comparando os dados iniciais, feitos pelo método Elisa, com o Western Blot, um dos exames usados no diagnóstico do HIV. "Confirmamos que os resultados do Elisa são os mesmos do Western Blot. No entanto, vimos nesses resultados preliminares que é importante ter uma quantidade de sangue seco maior que a usada no Elisa, deixando o teste mais sensível devido ao tamanho da amostra, ou seja, o ideal é usarmos duas amostras de sangue seco para cada paciente no confirmatório", conta o coordenador da pesquisa.
Na segunda fase da pesquisa, será realizado estudo-piloto em clínicas de pré-natal em diferentes regiões do Brasil para verificar se os dados apresentados na fase 1 se confirmam.
O outro objetivo da segunda etapa é implantar o sistema de devolução dos resultados pela internet e correio, além de oferecer treinamento por meio de cursos presenciais e à distância para orientar os profissionais de saúde a apresentarem os resultados aos pacientes.