O Boletim InfoGripe da Fiocruz desta quinta-feira (18/11) indica cenário de estabilidade na incidência de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Brasil, com pequenas oscilações, na maioria das faixas etárias. A única exceção continua sendo as crianças. Para o grupo entre zero e 9 anos, há novamente sinal de crescimento, com cerca de 1.500 casos semanais, número maior do que o registrado em julho de 2020 (1.282 casos na Semana Epidemiológica [SE] 29). No entanto, os resultados laboratoriais seguem indicando maior volume de outros vírus, com predominância do vírus sincicial respiratório. A análise é referente à SE 45, do dia 7 até o dia 13 de novembro.
Esse aumento de casos de SRAG associados a outros vírus respiratórios em crianças se observa em diversos estados do país, uma consequência direta da maior exposição dessa população nos últimos meses. De acordo com o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe, “a situação reforça a importância da revisão dos protocolos adotados no ambiente escolar, como avaliação da capacidade de ventilação e circulação de ar nas salas de aula, bem como distribuição e uso consciente de máscaras adequadas (PFF2)”.
Para população adulta (20 anos ou mais), o patamar atual está nos menores valores desde o início da epidemia no país. Mas, nesse grupo, o vírus Sars-CoV-2 segue predominante nos casos com resultado laboratorial. Em relação aos adolescentes, ainda que com redução na positividade geral e maior presença relativa de casos positivos para Rinovírus, a maioria dos testes também aponta Covid-19.
Nenhuma das 118 macrorregiões de saúde apresenta nível de SRAG extremamente alto. Dezesseis seguem em nível muito alto, localizadas em seis unidades da federação: Distrito Federal, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. De acordo com os indicadores de transmissão comunitária, a maioria das capitais está em macrorregiões de saúde com nível alto ou muito alto, embora os números sigam diminuindo gradativamente. Nenhuma delas pertence a macrorregiões com nível extremamente elevado.
Das 27 capitais, apenas São Luís integra uma macrorregião de saúde em nível pré-epidêmico. Belém e Boa Vista integram macrorregiões em nível epidêmico, enquanto Belo Horizonte, Brasília e São Paulo pertencem a macrorregiões em nível muito alto. As restantes estão em nível alto. São elas: Aracaju, Campo Grande, Cuiabá, Curitiba, Florianópolis, Goiânia, João Pessoa, Macapá, Maceió, Manaus, Natal, Palmas, Porto Alegre, Porto Velho, Recife, Rio Branco, Rio de Janeiro, Salvador, Teresina e Vitória.
SRAG nos estados e capitais
No país, foi registrado sinal de estabilidade nas tendências de longo (últimas seis semanas) e curto (últimas três semanas). Cinco estados apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo até a última análise: Minas Gerais, Pará, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e Tocantins. Mas o cenário na maioria desses lugares é compatível com oscilações em torno de valores estáveis. O estado do Rio Grande do Norte é a única exceção. Lá, foi mantido o sinal de crescimento ao longo do mês de outubro nos grupos com idades entre 50 e 79 anos, ou entre 20 e 29 anos. Em Minas Gerais e no Tocantins, os dados sugerem que o crescimento está restrito às crianças, com oscilações estáveis nas demais faixas etárias.
Dez outras unidades federativas apresentam sinal de queda na tendência de longo prazo. São elas: Alagoas, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro e Sergipe. Amapá, Bahia e Rio de Janeiro apresentam sinais de crescimento na tendência de curto prazo, compatível com estabilidade. No Rio de Janeiro e em Santa Catarina, o aumento está concentrado entre as crianças. Em São Paulo e no Distrito Federal, embora o sinal para a população em geral seja de estabilidade, há tendência de aumento restrita também à população infantil.
Seis das capitais apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo: Belo Horizonte (MG), Cuiabá (MT), Florianópolis (SC), Natal (RN), Palmas (TO) e Vitória (ES). Assim como destacado para os estados, o cenário é compatível com estabilidade. Apenas Natal demanda maior atenção, mesmo com crescimento ainda lento.
Em Belo Horizonte, foi registrado um aumento abrupto na faixa etária entre 30 e 39 anos, o que pode significar inconsistência no registro de casos. Em Aracaju (SE), Belém (PA), plano piloto de Brasília e arredores (DF), Campo Grande (MS), Goiânia (GO), Macapá (AP), Maceió (AL), Porto Alegre (RS) e Teresina (PI), foi observado sinal crescimento na tendência de longo prazo. Maceió (AL) e Rio de Janeiro (RJ), tiveram sinais de crescimento restritos no curto prazo. Em Aracaju, observa-se saltos atípicos no número de casos em crianças (zero-9 anos), podendo estar associado a inconsistências nos registros relativos a essa faixa etária.