Homicídios: um problema de saúde pública em Mato Grosso do Sul

“Os homicídios têm sido responsáveis pelo aumento da mortalidade relacionada à violência no Brasil e são importante problema de saúde pública. A fronteira internacional é uma região considerada vulnerável do ponto de vista da segurança pública, por ser altamente visada para a realização de atividades ilícitas, como contrabando e tráfico de drogas e de armas. A fronteira Brasil-Paraguai é considerada uma das mais ativas e, também, críticas em segurança e violência.” A conclusão é do aluno Alberto Jungen Wider, que defendeu, no dia 30/7, sua dissertação de mestrado profissional em Saúde Pública da ENSP, sob a orientação do professor Paulo Cesar Peiter, do Instituto Oswaldo Cruz. O objetivo da pesquisa foi verificar a existência de um diferencial do risco de mortalidade por homicídios na região da fronteira internacional do Brasil com o Paraguai no Estado de Mato Grosso do Sul (MS), identificando os seus principais determinantes, no período de 2005 a 2010.

Segundo Wider, trata-se de um estudo de correlação ecológica com base de dados secundários de mortalidade por agressões em Mato Grosso do Sul, enfocando a fronteira internacional. Para isso, ele se utilizou de dados disponíveis sobre óbitos captados pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), de indicadores demográficos, socioeconômicos e de cobertura de saúde no banco de dados do Sistema Único de Saúde (DataSUS) e no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Verificou-se que os municípios da linha de fronteira possuem os piores indicadores socioeconômicos e as maiores taxas de homicídios em relação aos outros municípios da faixa de fronteira e de fora dessa faixa para a população geral, em ambos os sexos, para a população na faixa etária de 15 a 24 anos e para a população indígena”, informou. Na análise de risco relativo, conforme observou o estudo de Wider, o risco para o sexo masculino na faixa etária de 15 a 24 anos foi 18% maior nos municípios da faixa de fronteira em relação aos de fora dessa faixa.
O aluno fez uma análise espacial sobre a questão e mostrou que as maiores taxas de homicídios localizam-se nos municípios da linha de fronteira internacional (sete municípios com quatro cidades gêmeas) com o Paraguai, em municípios da região central do estado, no entorno da rodovia BR 463, que faz fronteira com o Uruguai, em direção à capital Campo Grande e ao Estado de São Paulo, e na porção sul de Mato Grosso do Sul, no entorno da rodovia MS 164, formando um corredor na direção ao Estado do Paraná.

Wider considera que sua pesquisa pode contribuir com elementos importantes para a compreensão das causas externas de mortalidade, particularmente as agressões/homicídios, e o planejamento de medidas estratégicas direcionadas à prevenção das violências, com a finalidade de modificar o atual cenário.
Para análise de tendência, explicou Wider, foram usadas, na pesquisa, duas categorias geográficas (fronteira e fora da fronteira), além do método bayesiano empírico local de suavização para controlar as flutuações aleatórias das taxas de homicídios, e a avaliação de risco relativo com tabelas de contingência para avaliação de exposição na região da faixa de fronteira em relação à região fora da fronteira.

Alberto Jungen Wider tem graduação em Pedagogia pela Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Ponta Porã/MS (1996) e Enfermagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1983). Atualmente, é enfermeiro da Secretaria Municipal de Saúde/Estratégia de Saúde da Família de Ponta Porã, com experiência em gestão hospitalar.

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