O dióxido de carbono (CO2), também conhecido como gás carbônico, é o gás de efeito estufa (GEE) mais emitido por veículos leves da frota de automóveis do Estado de São Paulo. O tecnólogo mecânico Vanderlei Borsari, que realizou um estudo sobre a caracterização dessas emissões, usou amostra de veículos que representassem três diferentes tipos de combustíveis usados na frota paulista: a gasolina, o álcool e o gás natural veicular. Entre os gases que agravam o efeito estufa, foi verificada também a presença significativa do metano (CH4) e do óxido nitroso (N2O).
Na pesquisa Caracterização das emissões de gases de efeito estufa por veículos automotores leves no Estado de São Paulo, apresentada na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP e orientada pelo professor João Vicente Assunção, Borsari verificou que em veículos movidos à gasolina, a emissão de N2O e a de CO2 foram maiores se comparada aos outros tipos de combustível analisados. Segundo Borsari, no caso do CO2, esse resultado já era esperado, já que a produção de gás carbônico é diretamente proporcional à quantidade de carbono presente na gasolina. Foi verificado também que veículos movidos à gás natural emitiam mais CH4.
Borsari revela no estudo dados novos também em relação ao N2O. Apesar de haver pesquisas internacionais que mostram os percentuais de emissão desse gás por veículos, é a primeira vez que é medido no Brasil. Mesmo que a emissão de N2O não seja numericamente superior ao CO2, Borsari salienta que o gás não pode ser desprezado, pois seu potencial de aquecimento é 296 vezes maior que o do CO2. Por isso, mesmo sendo pouco emitido por veículos, uma pequena quantidade de N2O já pode ser significativa.
O mesmo acontece com a emissão de gás metano pelos veículos leves. Apesar de ser liberado pelos automóveis em quantidade muito menor do que o CO2, o CH4 tem um potencial de aquecimento 23 vezes maior que o do gás carbônico. É importante observar essas diferenças no potencial de aquecimento, pois é uma medida da contribuição de cada gás para o aquecimento global.
Borsari usou a técnica do FTIR (Fourier transform infrared spectroscopy), que consiste em se utilizar um equipamento específico de infravermelho para a análise dos veículos, para que pudesse medir a quantidade de cada gás liberado pelo escamento dos automóveis. Esse equipamento gera um espectro característico para cada tipo de substância detectada, no caso o CO2, o CH4 e o N2O.
GEE em São Paulo
Segundo Borsari, uma das maiores dificuldades na confecção de um inventário de GEE é a falta de dados sobre a quantificação das emissões e de que maneira elas ocorrem. Pelo fato dos GEEs não serem poluentes convencionais, não existe legislação específica para regulá-los e, com a ausência de inventários atualizados, não é possível quantificar a média de gases emitidos e indicar a origem do problema.
Algumas pesquisas desenvolvidas anteriormente mostraram que o setor de transportes é o maior emissor de GEEs no município de São Paulo e a maior parte era proveniente de transportes individuais. Por já trabalhar em um laboratório que mede gases veiculares, creio que é necessário obter e atualizar dados relacionados aos GEEs. Como já era esperado, o CO2 foi o gás mais emitido por veículos leves em São Paulo, mas o interessante foi observar a presença significativa de gases como o CH4 e o N2O o qual não tinha sido medido no país- nas emissões da frota paulista, conclui Borsari
Mais informações: com o pesquisador Vanderlei Borsari; email vborsari@usp.br