FSP/USP participa da elaboração de novo Guia Alimentar

O ministro da Saúde, Arthur Chioro, lançou neste dia 5 de novembro, em Brasília, durante reunião no Conselho Nacional de Saúde, o Guia Alimentar para a População Brasileira. O Guia Alimentar, produzido pelo Ministério da Saúde em parceria com o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da USP e com o apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), substitui versão anterior de 2006. Seu processo de produção foi coordenado pelos professores do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, Carlos Augusto Monteiro e Patrícia Constante Jaime. A versão impressa deste documento, de 152 páginas e fartamente ilustrada, será distribuída em todo o País e a versão eletrônica estará disponível na página www.saude.gov.br.

“O Guia contém recomendações que trazem benefícios para as pessoas, para a sociedade e para o planeta”, destaca Carlos Augusto Monteiro, responsável pela orientação da equipe técnica que elaborou a publicação. O processo de elaboração, iniciado em novembro de 2011, incluiu a realização de duas oficinas nacionais com pesquisadores, profissionais de saúde, educadores e representantes de organizações da sociedade civil de todas as regiões do Brasil e oficinas regionais em todas as 27 unidades da federação. A conclusão deste processo envolveu consulta pública que contou com 436 participantes, entre instituições de ensino, órgãos públicos, conselhos e associações profissionais, setor privado e pessoas físicas, e da qual resultaram 3.125 valiosos comentários e sugestões.

O Guia Alimentar apresenta um conjunto de recomendações sobre alimentação que objetivam promover a saúde de pessoas, famílias e comunidades e da sociedade como um todo, hoje e no futuro. Especial atenção foi dada à prevenção da desnutrição, em forte declínio em todo o País, e à prevenção de enfermidades em ascensão, como a obesidade, o diabetes e outras doenças crônicas relacionadas à alimentação. As recomendações do Guia Alimentar estão baseadas em conhecimentos gerados por diferentes modalidades de estudos experimentais, clínicos e populacionais, incluindo os experimentos naturais implícitos no processo de seleção de padrões de alimentação desenvolvidos e transmitidos ao longo de gerações.

Redigido em linguagem que procura ser acessível a todos, o Guia Alimentar se dirige às pessoas e às famílias diretamente e, também, a profissionais de saúde, educadores, agentes comunitários e outros trabalhadores cujo ofício envolve a promoção da saúde da população. Almeja-se que ele seja utilizado nas casas das pessoas, nas unidades de saúde, nas escolas e em todo e qualquer ambiente onde atividades de promoção da saúde tenham lugar, como centros comunitários e centros de referência de assistência social.

Distinção entre alimentos
Uma importante característica do Guia Alimentar é a distinção feita entre alimentos in natura ou minimamente processados e produtos alimentícios, entre produtos alimentícios utilizados para temperar e cozinhar alimentos e criar preparações culinárias e produtos prontos para consumo e, ainda, entre produtos prontos para consumo que são processados, como pães e queijos, ou ultraprocessados, como ‘macarrão instantâneo’, ‘salgadinhos de pacote’ e refrigerantes. Levando em conta o impacto de alimentos e produtos alimentícios sobre a qualidade da alimentação, o Guia Alimentar faz quatro recomendações centrais visando a uma alimentação saudável: faça de alimentos in natura ou minimamente processados a base de sua alimentação;
utilize óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e criar preparações culinárias;
limite o uso de alimentos processados, consumindo-os, em pequenas quantidades, como ingredientes de preparações culinárias ou como parte de refeições baseadas em alimentos in natura ou minimamente processadas; e evite produtos ultraprocessados

Outra característica relevante do Guia Alimentar é basear suas recomendações em padrões de alimentação efetivamente praticados por uma parcela substancial da população brasileira, aquela que ainda baseia sua alimentação em alimentos in natura ou minimamente processados e preparações culinárias feitas com esses alimentos. O Guia Alimentar dá grande importância às formas pelas quais os alimentos são produzidos e distribuídos, privilegiando aqueles cuja produção e distribuição seja socialmente e ambientalmente sustentável como os alimentos orgânicos e de base agroecológica.

Destaque especial é dado também às circunstâncias que envolvem o ato de comer, aconselhando-se regularidade e atenção, ambientes apropriados e, sempre que possível, o comer em companhia. Os benefícios são explicados em detalhe no Guia Alimentar: melhor digestão e aproveitamento dos alimentos, controle mais eficiente do quanto se come, maiores oportunidades de convivência com familiares e amigos, maior interação social e, de modo geral, mais prazer com a alimentação. O capítulo final do antecipa os obstáculos que podem impedir a adoção de suas recomendações pelos brasileiros — oferta e preço de alimentos in natura ou minimamente processados, falta de habilidades culinárias, falta de tempo e publicidade de alimentos ultraprocessados — e trata das ações necessárias para superar esses obstáculos, seja no âmbito pessoal ou familiar, seja no âmbito do exercício da cidadania.

As recomendações do Guia Alimentar são resumidas em Dez Passos para uma Alimentação Adequada e Saudável: fazer de alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentação; utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e criar preparações culinárias; limitar o consumo de alimentos processados; evitar o consumo de alimentos ultraprocessados; comer com regularidade e atenção, em ambientes apropriados e, sempre que possível, com companhia; fazer compras em locais que ofertem variedades de alimentos in natura ou minimamente processados; desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias; planejar o uso do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece, dar preferência, quando fora de casa, a locais que servem refeições feitas na hora; e ser crítico quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais.

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