Pesquisa desenvolvida por cientistas do Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) comprova que a fototerapia aliada a exercícios físicos pode ser eficiente na prevenção de cardiopatias em mulheres de meia-idade na pós menopausa.
O estudo resultou no artigo Infrared LED irradiation applied during high-intensity treadmill training improves maximal exercise tolerance in postmenopausal women: a 6-month longitudinal study, publicado em artigo na revista “Lasers in Medical Science”, no ano de 2013. A publicação recebeu o “Prêmio Baldacci”, que refere-se a publicação médico-científica de importância clínica que tenha contribuído significativamente para a divulgação e o avanço da ciência na área de cardiopatia na mulher.
O artigo evidencia os resultados de avaliações cardiológicas realizadas em mulheres de meia idade na pós-menopausa, que realizaram a fototerapia com LED’s infravermelhos, conjugada com o estresse mecânico induzido por exercício em esteira ergométrica, uma iniciativa inédita, já que a fototerapia foi aplicada durante o exercício físico.
Segundo a doutora Fernanda Rossi Paolillo, do IFSC, e primeira autora do artigo, as consequências do envelhecimento representam um dos maiores problemas de saúde pública com impacto econômico e social, devido ao elevado custo com tratamento.
“Em especial, há uma preocupação com o processo de envelhecimento feminino, pois a menopausa é caracterizada pela redução dos níveis hormonais (estrógeno) que conduzem à redução da funcionalidade cardiovascular e respiratória, além da perda óssea (osteoporose) e alterações na composição corporal, caracterizada pela perda de massa/força/qualidade do músculo (sarcopenia) e aumento do percentual de gordura (obesidade)”, avalia. O estudo teve como objetivo avaliar 45 mulheres na pós-menopausa e melhorar a qualidade de vida delas. “Todas as mulheres eram voluntárias e não tinham cardiopatia”, conta Fernanda.
Técnica promissora
A fototerapia (tratamento através da luz) associada ao exercício físico é uma técnica promissora não só durante o processo de envelhecimento, mas também para várias pessoas, entre elas jovens, idosos, atletas, obesos, cardiopatas, aquelas com lesões neurológicas, musculares e osteoarticulares, bem como aquelas com doenças cardiovasculares e respiratórias.
“No nosso estudo, a fototerapia com LEDs aumentou a função muscular, então, as mulheres na pós-menopausa se exercitaram de maneira mais intensa, resultando em melhorias no sistema cardiovascular, como a redução da frequência cardíaca”, conta a cientista.
Na pesquisa, foram utilizadas duas placas com 2 mil LED’s que emitem infravermelho, especialmente desenvolvidas pelo Grupo de Óptica do IFSC. O estudo clínico foi desenvolvido no Laboratório de Fisioterapia Cardiopulmonar da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). As mulheres envolvidas no estudo foram acompanhadas pelo período de um ano.
Atualmente, Fernanda integra o programa de pós-doutorado no IFSC, sob supervisão do professor Vanderlei Salvador Bagnato. Além dela, a equipe de cientistas que assinam o artigo é composta por Aldalberto Vieira Corazza, Cristina Kurachi e Vanderlei Salvador Bagnato, todos do IFSC, e Nivaldo Antonio Parizotto e Audrey Borghi-Silva, pesquisadores da UFSCar.
O “Prêmio Baldacci de Publicação Científica”será entregue a Fernanda durante o “XIII Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca”, que decorrerá no Centro de Convenções de Ribeirão Preto, entre os dias 07 e 09 de agosto próximo.