Foco na saúde do cidadão

Cada criança que nasce em Olinda ganha um pé de acerola – fruta cheia de vitamina C, fundamental para a saúde. A alimentação saudável é um dos eixos da promoção da saúde na cidade histórica pernambucana.

 “Não adianta só dizer para comer fruta, tem que proporcionar o acesso”, disse a secretária municipal de Saúde de Olinda, Tereza Miranda, no painel “Promoção da saúde – a realidade da prática”, realizado em 11 de julho em Brasília, durante o XXVII Congresso do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).

Essa filosofia de promoção da saúde com participação da sociedade norteia diversos projetos de prevenção em Olinda, muitos conduzidos em parcerias com outras áreas e esferas de governo, como as experiências de cultura de paz, que envolvem a Segurança Pública. Um exemplo é a escola de redutores de danos do uso abusivo de álcool e outras drogas, que envolve profissionais de saúde e policiais militares do programa Polícia Amiga. “A PM vai nos eventos da Saúde”, contou a secretária. As Unidades de Saúde da Família e os hospitais, por sua vez, devem notificar casos de violência.

No Samu, foi implantada a tecnologia de georreferenciamento para a prevenção de acidentes de trânsito. Ela permite que se evitem acidentes recorrentes, como os atropelamentos que ocorriam sempre no mesmo horário, na frente de uma escola. O problema foi resolvido com um guarda no local.

A escola é o foco de diversas ações voltadas para as famílias, como as de prevenção do tabagismo, da dengue e de doenças crônicas. “O programa Saúde na Escola é baseado em educação e prevenção. Não precisa de grandes investimentos”, disse.

Tereza Miranda citou ainda os programas de prática corporal e atividade física e a iniciativa RVL – Rostos, Vozes e Lugares, que trabalha com empoderamento da comunidade. 
  
A secretária de Saúde de Olinda ressaltou a importância do financiamento como aspecto indutor da promoção da saúde no país e valorizou os princípios de intersetorialidade e participação efetiva da comunidade em que estão centradas as iniciativas. Em relação ao que  pode melhorar, Tereza espera uma maior aproximação entre os entes: "Falta estarmos mais perto do Ministério e o estado mais perto da atenção básica e da vigilância.”

 Rio contra a dengue e a violência
  
No Rio de Janeiro, a Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil tem buscado canais de comunicação com a população carioca e em especial com os jovens. A pediatra Viviane Manso Castello Branco, coordenadora de Políticas e Ações Intersetoriais da Superintendência de Promoção da Saúde da SMSDC-RJ, contou como o Movimento Carioca por uma Cidade mais Saudável vêm levando milhares de pessoas às ruas em mutirões em busca de focos do mosquito da dengue. As caminhadas, iniciadas em abril, pretendem sensibilizar os cidadãos a olhar a sua própria rua e o entorno de sua residência como um espaço coletivo que precisa ser cuidado durante o ano inteiro e não apenas no verão, a fim de evitar a proliferação do Aedes aegypti.

Viviane também relatou a experiência da Rede de Adolescentes Promotores de Saúde – RAP da Saúde, contemplada em junho de 2011 com o Prêmio Pró-Equidade em Saúde, oferecido pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, o Centro de Estudos de Políticas e Informação sobre Determinantes Sociais da Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/Fiocruz) e o Ministério da Saúde.
 
O Rap da Saúde, uma parceria da SMSDC-RJ, do Centro de Promoção da Saúde (Cedaps) e da Plataforma de Centros Urbanos do Unicef, aposta no protagonismo juvenil como estratégia para a promoção da saúde e da cidadania no Rio de Janeiro.
  
Os adolescentes que participam da iniciativa são capacitados para se tornarem promotores de saúde e recebem treinamento em temas de saúde e cidadania, metodologias participativas, desenvolvimento emocional, mapeamento comunitário e técnicas de comunicação. O grupo participa de feiras de saúde, esquetes teatrais, exibição de vídeos e outras atividades em unidades de saúde, escolas e nas comunidades.
  
Viviane apresentou diversos projetos participativos conduzidos pela Secretaria, entre eles o Núcleo de Promoção da Solidariedade e Prevenção da Violência, o Projeto Segurança e Civilidade do Trânsito, o Movimento pela Valorização da Paternidade (a ausência do pai é estatísticamente ligada a situações de risco), grupos de trabalho intersetoriais para a UPP Social, Comitê de Saúde da População Negra, Diversidade Sexual, Espaços Lúdicos, Elos da Saúde, Saúde na Escola, Escolas do Amanhã, oficinas de culinária e atenção nutricional do Instituto de Nutrição Annes Dias, controle do tabagismo e o incentivo à prática cotidiana de atividade física, através da contratação de OSSs. Segundo Viviane, o mecanismo deu liberdade de gestão e bons resultados.

A coordenadora de Políticas e Ações Intersetoriais considera um avanço a criação de redes de co-responsabilidades envolvendo três secretarias, mas o planejamento e os orçamentos compartilhados ainda são um desafio. Ela também acha que a promoção da saúde não deveria estar subordinada à atenção primária.

Deborah Malta, coordenadora de Vigilância de Agravos e Doenças Não Transmissíveis o Ministério da Saúde, explicou que no tema das doenças crônicas, todos os setores são essenciais – envolve agricultura, cidades, meio ambiente, esportes, entre outros. Ela contou que o Ministério da Saúde está preparando um plano que reunirá sugestões de 14 ministérios.
  
“Estamos conseguindo algo que não seja prescritivo e que extrapola os hábitos saudáveis. Avançamos na intersetorialidade, na transversalidade, estamos buscando o empoderamento da comunidade. É um salto positivo”, afirmou.
 
Deborah fez elogiosas considerações às apresentações de Olinda e do Rio de Janeiro, ressaltando que ambas destacaram a importância do mecanismo indutor do Ministério da Saúde como forma de capilarizar a promoção da saúde no país. A representante do MS disse também que as apresentações fortaleciam o princípio da intersetorialidade proposto pela Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS). Ela acrescentou que experiências como estas merecem aprofundamento em outros momentos e citou o Comitê Gestor da PNPS como espaço onde as discussões podem se dar.
 
O painel foi organizado e mediado pelo médico Annibal Amorim, da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS) da Fiocruz. No encerramento, ele presenteou os painelistas com livros editados pela Fiocruz, em nome da VPAAPS.
 
"As duas apresentações foram execelentes e direto ao foco do que foi proposto como desafio: abordar as questões da promoção da saúde a partir das questões indutoras da Política Nacional de Promoção da Saúde do Ministério da Saúde", disse.

Amorim apontou a característica da inovação da Secretaria de Saúde de Olinda no que tange à valorização da cultura local, incorporando a riqueza das artes e do folclore pernambucano nas atividades de promoção da saúde, integrando estas raízes e as tradições no desenvolvimento e gestão no território Olindense.
 
Ele destacou também o grande portifólio de ações da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, que combinam profundidade, abrangência e um caráter inovador nas propostas. "Estas iniciativas, aliadas à sua capacidade de ressignificar a linguagem dos profissionais de saúde, trazem para o cenário novas perspectivas de estudo por parte da academia", observou.
 
Saiba mais:
 
Elos da Saúde
Secretaria de Saúde de Olinda

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