Fiocruz vai produzir 60 milhões de testes de antígeno para o SUS

A Fiocruz assumirá mais um desafio no enfrentamento à Covid-19, com a produção e o fornecimento de cerca de 60 milhões de testes de antígeno ao Ministério da Saúde (MS) até o final de 2021. Os testes serão fornecidos de acordo com a demanda da pasta.

Além da produção, a Fiocruz ficará responsável ainda pelo treinamento das equipes e assistência técnica e científica nas localidades a serem definidas pelo MS. A iniciativa, que deverá contar com um investimento de cerca de R$ 1,2 bilhão, permitirá um diagnóstico mais rápido da infecção e faz parte da ampliação da estratégia de testagem no país.

“A Fiocruz vem promovendo uma série de atividades relativas ao enfrentamento da emergência de saúde pública em decorrência da Covid-19, com interação permanente e atenção às demandas colocadas pelo Ministério da Saúde para a instituição, considerando o cenário epidemiológico e os novos conhecimentos que vêm sendo produzidos a respeito da doença. Nesse sentido, a Fiocruz põe novamente sua capacidade tecnológica e de produção à disposição da saúde pública brasileira, com a produção de novos testes para o diagnóstico”, destacou a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima.

Para o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger, uma ampla estratégia de testagem tem um papel fundamental no monitoramento das epidemias e de suas tendências, sendo uma ferramenta para conter, desacelerar e reduzir a propagação do vírus. “Os testes de antígeno, combinados à estratégia dos testes moleculares, poderão ampliar a testagem no país, permitindo identificar rapidamente os infectados e implantar uma estratégia de rastreamento dos contatos do indivíduo que podem estar também infectados. Com isso, as autoridades de saúde podem fazer uma intervenção mais efetiva e direcionada, detectando e isolando os infectados e interrompendo a cadeia de transmissão do vírus”, explicou Krieger.

A Fundação continuará a produzir os testes moleculares (RT-PCR), considerados o padrão ouro para detecção do vírus. Após a entrega de 11,7 milhões de testes moleculares, recentemente foi firmado um novo acordo com o Ministério, para a produção de mais 13,7 milhões de testes RT-PCR. Segundo os especialistas da Fiocruz envolvidos no projeto, é importante ampliar o número de produtos relacionados à testagem, a exemplo da incorporação do teste de antígeno, mas sempre considerando uma estratégia integrada que considere as vantagens e os objetivos de cada um deles. O RT-PCR, por exemplo, além de ser considerado o teste mais preciso para o diagnóstico da doença, também é o único capaz de sustentar uma ação de vigilância genômica, uma vez que o monitoramento das variantes depende do sequenciamento das amostras desse tipo de teste.

Antígeno e RT-PCR: entenda as diferenças

Tanto os testes de antígeno como os testes moleculares servem para detectar a presença do vírus Sars-CoV-2 durante a infecção, mas as metodologias de testagem seguem caminhos diferentes e têm sensibilidade e tempo de processamento também distintos. O RT-PCR busca encontrar material genético do vírus, chamado de RNA, e requer o envio a laboratórios especializados que possam processar a amostra e identificar o vírus. O processamento pode levar algumas horas, depende de equipamentos sofisticados e é considerado o padrão ouro na detecção do vírus.

Já o teste de antígeno busca por proteínas específicas na superfície do vírus que podem identificá-lo. A coleta é feita da mesma forma que o RT-PCR, com amostra de nasofaringe, mas seu processamento é muito mais rápido, já sendo possível obter um resultado em 15 minutos. Também não é necessária infraestrutura sofisticada e o processamento pode ser feito no próprio local da coleta, a partir da mistura de uma solução, responsável por liberar as proteínas virais e uma tira de papel especial que contém anticorpos que se ligarão a essas proteínas, em caso de resultado positivo. A sensibilidade é um pouco menor que a do RT-PCR, mas ainda é considerada alta, com potencial acima de 95%.