Fiocruz recebe representante da Universidade de Nanterre

Encontro deu seguimento a um acordo de cooperação internacional entre as instituições. Um representante da Universidade de Paris Nanterre, da França, visitou a Fiocruz na última segunda-feira (7/11) para dar seguimento a um acordo de cooperação internacional entre as instituições. Coordenador-geral do Laboratório Parisiense de Psicologia Social (Lapps) da universidade, Jean Paul Billaud, acompanhado da diretora de Pesquisa de Ecodesenvolvimento e coordenadora da cooperação bilateral do Instituto Nacional da França de Pesquisa para a Agronomia, Alimentação e Meio Ambiente (Inrae), Claire Lamine, reuniu-se com representantes da Fundação para discutir um plano de trabalho e buscar o Memorando de Entendimento (MdE) assinado pela presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, e pelo presidente da Universidade de Nanterre, Philippe Gervais-Lambony. O encontro serviu também para iniciar conversas com o Inrae, por meio da apresentação e prospecção de interesses comuns.

O MdE define as bases da cooperação internacional que a Universidade a Fiocruz pretendem desenvolver nas áreas de ensino, pesquisa, desenvolvimento tecnológico, comunicação, informação, gestão e políticas no campo da saúde. Para o desenvolvimento das atividades previstas no documento, deverão ser elaborados termos aditivos contendo planos de trabalho, como o que começou a ser discutido na ocasião.

Em uma reunião no Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/ Fiocruz), foram apresentadas as áreas de atuação e os projetos da Fiocruz com o objetivo de elaborar os próximos passos e o aprofundamento da parceria. O plano de trabalho debatido ainda será assinado em Nanterre, para, depois, retornar à Fiocruz nas próximas semanas.

“Quanto mais perfeito o acordo nasce, melhor ele prossegue. O projeto de Internacionalização da Fiocruz começou pela França, e, assim, ele continua. Com Paris Nanterre, existem colaborações em projetos, mas ainda não havia um MdE. É a primeira vez que fazemos oficialmente um acordo desse tipo com a universidade” afirma a assessora de Cooperação com a França do Cris/ Fiocruz, Ilka Vilardo.

“Após a assinatura dos acordos e do plano de trabalho, haverá o momento importante da aplicação do projeto”, pontuou a gestora do Projeto Socioanálise: pesquisa-ação do Núcleo de Gestão em Biodiversidade e Saúde da Seção de Conhecimento do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz), Maria da Conceição Monteiro. “A referência bibliográfica com os temas a serem utilizados com o mesmo valor conceitual, tanto na França quanto no Brasil, é nossa grande preocupação em um primeiro momento. Estamos criando um número especial da Revista Fitos para apresentar o resultado do primeiro colóquio internacional com a Universidade Paris VIII. Haverá um momento similar com a Universidade de Nanterre”, acrescentou ela.

Segundo Billaud, este momento da aplicação do projeto terá de ser de “precisão”. “O plano de trabalho ainda é uma pista; parece-nos possível entender nosso interesse mútuo nessa cooperação. Uma vez que o acordo esteja assinado, estaremos em situação mais favorável para pensar. Haverá questões sobre financiamento, por exemplo”.

Temas como formas de financiamento, outras parcerias da Fundação e da Universidade com instituições europeias – incluindo francesas – e brasileiras, oportunidades de parcerias no ensino e na pesquisa foram debatidos no encontro. Os representantes de Nanterre e do Inrae também se apresentaram, trouxeram suas trajetórias e experiências, inclusive com pesquisadores que já atuaram na Fundação.

Ainda pela Fiocruz, estiveram presentes Emmanuelle Neto e Helena Distelfeld, responsáveis por acordos e convênios de cooperação no Cris/Fiocruz.

Saúde, meio ambiente e desenvolvimento territorial

O acordo tem como finalidade desenvolver os domínios da educação e da investigação científica, a partir de análises das políticas públicas associadas à saúde, ao meio ambiente e ao desenvolvimento territorial. O projeto tem uma expectativa de duração de cinco anos e fará o acompanhamento analítico da abordagem da RedesFito proposta pelo Centro de Inovação da Biodiversidade e Saúde (Cibs/Fiocruz), em especial no contexto da criação de uma rede de Arranjos Eco-Produtivos Locais (AEPL) de produtos e medicamentos baseados na biodiversidade.

A expectativa é estabelecer um quadro institucional entre Fiocruz e a Universidade de Nanterre para possibilitar projetos de expertises e de pesquisas interdisciplinares sobre a abordagem da RedesFito em duas escalas de análise: uma centralizada, na Fiocruz e no Ministério de Desenvolvimento Regional (MDR), e outra em nível descentralizado, envolvendo os cinco polos da Rota da Biodiversidade, a partir de três dele, os da Caatinga, Mata Atlântica e Amazônia.

Os motivos que levaram à proposição do acordo passam pelo papel da RedesFito na concepção de programas governamentais como o Rota da Biodiversidade, além da contribuição de um olhar externo sobre as práticas e contextos da ação da Fiocruz. Esse olhar permitirá refletir não só sobre a abordagem de investigação, mas, principalmente, sobre as perspectivas de desenvolvimento local ligadas aos projetos, combinando as caraterísticas institucionais e territoriais, a exemplo da RedesFito, dos Arranjos Ecoprodutivos locais e da Rota da Biodiversidade. Por fim, outro fator que favoreceu o acordo foi a experiência, o interesse e a tradição do Laboratório de Dinâmicas Sociais e de Recomposição de Espaços (Ladiss), ao lado do Lapps, ambos da Universidade de Paris Nanterre, em pesquisa no Brasil, particularmente nos campos de dinâmica social, econômica, territorial e de saúde.