Fiocruz mapeia vulnerabilidade do Rio de Janeiro frente às mudanças climáticas

O aumento de eventos climáticos, como as tempestades tropicais, as secas ou as ondas de calor, é um dos indícios das mudanças do clima sentidas em diversas partes do planeta. Segundo especialistas, se a liberação de gases do efeito estufa na atmosfera, como o gás carbônico, permanecer de forma continuada, o cenário mundial tende a ser agravado. No Estado do Rio de Janeiro, estas alterações climáticas podem ser observadas, dentre outros aspectos, na elevação da ocorrência de catástrofes naturais, como as chuvas mais intensas – que resultam em inundações e alagamentos – além de problemas de saúde da população, tais como o crescimento do número de casos de dengue e leptospirose, bem como o número de mortes ocasionadas pela intensificação destas chuvas. Atentos a essa realidade, pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), em parceria com a Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz) e a Fiocruz Minas, desenvolveram o Mapa de vulnerabilidade da população dos municípios do Estado do Rio de Janeiro frente às mudanças climáticas. A iniciativa, que teve seus resultados anunciados na manhã desta quinta-feira (08/08), tem como objetivo indicar a exposição dos municípios do Rio de Janeiro às mudanças climáticas previstas para os próximos 30 anos.

De acordo com a coordenadora geral do projeto e pesquisadora em clima do IOC, Martha Barata, o mapa foi estabelecido a partir do Índice de Vulnerabilidade Municipal (IVM) às mudanças do clima. “Este índice é resultado da agregação do Índice de Cenários Climáticos (ICC/RJ) e do Índice de Vulnerabilidade Geral (IVG), formados por componentes de saúde, ambiental e social, como, por exemplo, o número de doenças infecciosas influenciadas pelo clima, as características de cobertura vegetal e da fauna, além do acesso a trabalho, habitação e renda”, explica. Os índices são apresentados em uma escala que varia de zero (0) a um (1), atribuídos aos municípios com menor ou maior vulnerabilidade, respectivamente.

O estudo, realizado pela Fiocruz a partir de demanda da Vice-presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde, é resultado da atualização do Mapa de Vulnerabilidade da População do Estado do Rio de Janeiro aos impactos das mudanças climáticas nas áreas social, da saúde e ambiental, encomendado pela Secretaria de Estado e Ambiente do Estado do Rio de Janeiro em 2011.

O índice de vulnerabilidade municipal classifica os municípios quanto ao grau de atenção que terá que ser dado frente às esperadas mudanças climáticas. Para o cenário climático mais pessimista, ou seja, com maiores emissões de gases do efeito estufa, foi identificado no conjunto de municípios da Macrorregião Metropolitana do Rio de Janeiro e o seu entorno como o mais suscetível de sofrer os impactos do clima.

“Em relação aos demais municípios do estado, a população do município do Rio está entre as mais vulneráveis. Isso acontece em face aos seus elevados  índices de vulnerabilidade da saúde e do ambiente quando  comparado ao dos demais municípios do Estado”, destaca. “A cidade de Niterói apresenta o menor índice de vulnerabilidade social. No entanto, o IVG é elevado em face a maior vulnerabilidade da saúde e do ambiente”, assinala.

O estudo aponta, ainda, que os municípios de Magé e Campos dos Goytacazes também apresentam  vulnerabilidade acima de 0,50, que é a média estadual, para os três indicadores que compoem o IVG. “Estes resultados mostram a relevância de ações integradas nos setores da saúde, social e ambiental para a promoção da resiliência da população municipal”, ressalta a pesquisadora. Já o município de Nilópolis apresentou-se como o menos vulnerável na escala, seguido de São Pedro da Aldeia (localizado na Macrorregião das Baixadas Litorâneas) e Volta Redonda (Macrorregião Sul-Fluminense), que também apresentaram baixa vulnerabilidade para três indicadores.

A especialista alerta, no entanto, que o baixo índice apresentado por determinados municípios não significa a ausência de risco. “O fato de o município ter recebido valor zero (0) para o IVM indica que este índice é o menor dentre todos os municípios, assim como o valor um (1) não significa que o município seja o mais vulnerável, mas que há uma instabilidade relativamente maior que os demais, devendo ser, portanto, objeto de atenção prioritária na implantação de políticas, planos e programas de adaptação à mudança climática”, afirma.

Auxílio a políticas públicas

Os municípios da Macrorregião Costa Verde, como Angra dos Reis e Paraty, e da Macrorregião Serrana, como Petrópolis e Teresópolis, por sua vez, destacam-se pela elevada vulnerabilidade ambiental. “Estas Macrorregiões devem estar atentas aos cuidados necessários para a proteção das florestas”, diz.

A especialista destacou a importância do estudo para a orientação de políticas públicas, a fim de apoiar as decisões estratégicas de adaptação aos efeitos projetados das mudanças do clima. “Este conjunto de informações permite a identificação desse ‘hostpot’ metropolitano, mas os indicadores parciais também podem ser utilizados para a orientação de políticas setoriais, sejam de saúde, socioeconômicas ou de proteção ambiental”, finaliza.

Leia a reportagem completa no site do IOC.

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