Fiocruz e Genzyme assinam parceria

O acordo possibilitará que cientistas trabalhem em laboratórios de ambas instituições e inclui uma nova abordagem em propriedade intelectual pela qual a Fiocruz fica isenta do pagamento de royalties caso venha a explorar comercialmente as descobertas no tratamento de doenças negligenciadas. A parceria foi firmada em cerimônia no Castelo de Manguinhos.

"A Genzyme e a Fiocruz são instituições de naturezas bem diferentes, mas com objetivos comuns e experiências complementares. O convênio assinado hoje é só o começo de um grande trabalho cooperativo que trará muitos benefícios para ambas as partes. Estamos trabalhando com foco na inovação: científica, em gestão e para o desenvolvimento de tratamentos para as doenças negligenciadas", disse o coordenador do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde da Fundação, Carlos Morel.

O vice-presidente e gerente geral da Genzyme para a América Latina, Rogerio Vivaldi, lembrou que a empresa tem experiência em doenças órfãs (raras) e já reconhecia a necessidade de agir também em relação às doenças negligenciadas. "Acredito que a parceria público-privado é o caminho para agilizar respostas para o problema das doenças negligenciadas", afirmou.

Inicialmente a parceria se concentrará na pesquisa de novos tratamentos contra a doença de Chagas, enfermidade que afeta milhões de pessoas na América Latina. Uma das pesquisas testará um tratamento que neutraliza uma proteína que causa problemas cardíacos nos pacientes de Chagas.

Considerada uma das mais importantes empresas de biotecnologia do mundo, a Genzyme Corporation desenvolveu nos anos recentes produtos contra doenças genéticas raras, insuficiência renal, câncer e doenças imunológicas, além de oferecer novas tecnologias na área de ortopedia, transplantes e testes de diagnóstico. A Fiocruz é reconhecida como a maior instituição de pesquisa na área biomédica de toda a América Latina.

“As doenças negligenciadas são um enorme problema para os países em desenvolvimento em todo o mundo”, diz o presidente da Fiocruz, Paulo Buss. “No Brasil, com o apoio do Ministério da Saúde, estamos acelerando nossos esforços visando aumentar a atividade científica nesse campo. Estamos entusiasmados com a parceria com a Genzyme, um dos líderes mundiais em biotecnologia, e otimistas com os avanços que esta colaboração trará no combate às doenças infecciosas”.

A expectativa da Genzyme com a parceria não é diferente. Segundo o presidente da empresa, Henri Termeer, as companhias biofarmacêuticas têm um fantástico potencial para trabalharem em doenças negligenciadas. “Nossa indústria tem a capacidade de maximizar a capacidade criativa dos laboratórios de pesquisa, convertendo a pesquisa básica em novos candidatos de medicamentos em ensaios clínicos. Estamos otimistas com esta parceria com a Fiocruz, que acreditamos será produtiva, de longo prazo e poderá servir de modelo para futuras colaborações com outras instituições”, diz Termeer.

Para o vice-presidente e gerente geral da Genzyme para a América Latina, o médico Rogerio Vivaldi, a parceria com a Fiocruz permitirá expandir o apoio da empresa às atividades de pesquisa e desenvolvimento no Brasil e na América Latina, onde a companhia já começou a aumentar os investimentos em pesquisa clínica.

Por meio do seu programa Assistência Humanitária em Doenças Negligenciadas (Humanitarian Assistance for Neglected Diseases initiative, Hand) a Genzyme participa dos trabalhos de pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos contra doenças negligenciadas. A iniciativa permite a identificação, a avaliação e o gerenciamento de projetos científicos e parcerias focadas em enfermidades que coletivamente atingem centenas de milhões de pessoas, tais como malária, mal de Chagas, doença do sono e outras moléstias. A Genzyme prioriza projetos em que pode contribuir efetivamente para levar candidatos a medicamentos até a fase de ensaios clínicos. A iniciativa Hand complementa outros programas da companhia que possibilitam a distribuição gratuita de medicamentos e contribuem para o desenvolvimento de sistemas e serviços de saúde em países em desenvolvimento.

A Genzyme se estabeleceu no Brasil em 1997, tornando-se a primeira grande companhia em biotecnologia a operar no país. Nos últimos dez anos a empresa introduziu no país tratamentos contra várias doenças hereditárias raras, também conhecidas como “doenças órfãs”, assim como tratamentos contra doenças renais, câncer da tireóide e transplantes de órgãos.

Lista das doenças negligenciadas incluídas no acordo

Úlcera de Buruli
Doença de Chagas
Cólera / Doenças epidêmicas diarréicas
Dengue / Febre de dengue hemorrágica
Dracunculiase (doença do verme da Guinea)
Treponematose endêmica (framboésia, pinta, sífilis endêmica)
Tripanossomíase africana (doença do sono)
Febre de Lábrea
Leishmaniose
Hanseníase
Filariose linfática
Malária
Oncocercose
Esquistossomose
Helmitíase transmitida por solo
Tracoma
Tuberculose

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