Com Estados Unidos e Japão à frente e vendo a distância com a China e Índia diminuir a cada ano, a Europa decidou reagir com ambicioso projeto para estimular pesquisas em ciência e tecnologia, que inclui a criação de uma agência de fomento.
Lançado oficialmente no fim de fevereiro, o Conselho Europeu de Pesquisa (ERC, na sigla em inglês) começa oferecendo 7,5 bilhões de euros (cerca de R$ 20,6 bilhões) nos próximos sete anos para pesquisas feitas no continente. Trata-se da primeira organização pan-européia criada especialmente para o amparo à pesquisa básica.
O anúncio do lançamento foi feito em conferência de dois dias realizada em Berlim, na Alemanha, contou com a presença de lideranças políticas e científicas européias e de diversos países. A FAPESP foi representada por seu diretor-presidente, Ricardo Renzo Brentani.
Com o ERC estamos nos direcionando a uma nova era no apoio europeu a pesquisa. Algumas das maiores descobertas científicas e avanços no conhecimento foram possíveis porque se deu a grandes idéias o espaço e o tempo para florescerem. E é isso que queremos atingir com o ERC, disse Janez Potocnik, comissário para pesquisa científica da União Européia, no lançamento da nova agência.
O ERC apoiará todos os campos científicos e funcionará dentro do Seventh Framework Programme (FP7), lançado pela União Européia no fim do ano passado e que pretende investir mais de 54 bilhões de euros (cerca de R$ 150 bilhões) em pesquisas de 2007 a 2013.
Apesar de ser lançado oficialmente agora, o Conselho Europeu de Pesquisa vem sendo implementado há alguns anos. Seu conselho científico, que conta com 22 pesquisadores europeus, foi estabelecido em 2005. À frente do conselho está Fotis Kafatos, professor do Imperial College de Londres.
Apoio a cientistas de qualquer país
Com sede em Bruxelas, na Bélgica, a agência oferecerá bolsas para jovens cientistas e auxílios a pesquisadores que trabalhem individualmente ou em pequenos grupos. A análise das propostas será feita com base na avaliação por pares, sistema empregado por outras agências de fomento no mundo, como a FAPESP.
Os apoios do ERC serão oferecidos a cientistas de qualquer país, contanto que as pesquisas sejam conduzidas em universidade ou instituto baseada na Europa. A primeira chamada está aberta, com prazo de entrega de propostas até 25 de abril e 300 bilhões de euros disponíveis (cerca de R$ 824 milhões). Individualmente, as propostas aprovadas receberão até 2 milhões de euros (R$ 5,5 milhões) nos próximos cinco anos.
Estamos comprometidos a estabelecer o ERC como uma importante agência de financiamento que atraia os melhores pesquisadores, começando em 2007 com aqueles que estão iniciando ou consolidando suas carreiras independentes, disse Kafatos.
Diminuir a distância em inovação com o Japão e, especialmente, com os Estados Unidos tem sido uma preocupação dos 27 países da União Européia, mas o que se viu nos últimos anos foi uma queda na vantagem para países que vêm logo atrás na lista, como a China, que tem aumentado grandemente os investimentos em pesquisa e desenvolvimento.
Se a Europa quiser sobreviver deve se preparar para competir com os Estados Unidos e com o Japão, que investem muito mais em pesquisa básica. Cientistas produzirão resultados se um ambiente adequado para eles for criado, disse Gabor Makara, presidente do Fundo de Pesquisa Científica da Hungria.
ERC: http://erc.europa.eu