Ir ao dentista é uma atividade que geralmente gera ansiedade em adultos, pois as pessoas temem experimentar sensações dolorosas. Quando se trata de crianças, esse receio pode ser um pouco mais intenso, principalmente quando somado à própria dor de dente. Um estudo realizado por pesquisadoras da Universidade de Pernambuco avaliou a ansiedade e a dor relacionadas ao tratamento odontológico em 2.735 crianças menores de cinco anos de idade moradoras da cidade de Recife. A prevalência de ansiedade encontrada foi alta (34,7%), assim como o histórico de dor de dente em crianças tão pequenas (9,1%).
Em artigo publicado na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, as pesquisadoras contam que crianças com idades entre 24 e 35 meses foram as que apresentaram as mais altas percentagens de ansiedade. A probabilidade de essas crianças analisadas experimentarem ansiedade aumentou se elas nunca tinham ido ao dentista e se tinham histórico de dor de dente, explicam.
Além disso, observou-se também associação positiva entre dor de dente, idade, renda familiar e a avaliação dos pais em relação à saúde bucal das crianças. Saúde bucal comprometida e baixa renda familiar foram correlacionadas com alta prevalência de histórico de dor de dente, apontam as pesquisadoras. O status socioeconômico mostrou ser um fator relacionado à ansiedade, já que, quanto maior a renda familiar, menor a taxa de ansiedade.
Segundo as autoras, a probabilidade de a criança ter experimentado dor de dente também aumentou se ela tinha entre 48 e 59 meses, se ela vinha de uma família de baixa renda, se ela já tinha ido ao dentista e se os pais reportaram condições ruins de saúde oral. Crianças com cáries severas reclamam de dores de dente, têm dificuldades de comer certos alimentos, faltam à escola, têm vergonha de sorrir e param de brincar com outras crianças por causa do dente, alertam as pesquisadores. Esse estudo sugere que medo de sentir dor é um fator a ser considerado, investigado e controlado na prática odontológica, particularmente na pediátrica, já que constitui a primeira experiência de cuidado com a saúde oral.
Clique aqui para ler a íntegra do artigo (em inglês) publicado na revista Cadernos de Saúde Pública
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