Realizado por pesquisadores da Fiocruz durante a pandemia de Covid-19, estudo aponta que o reiki é uma prática que pode reduzir sintomas emocionais como medo da morte, pânico e ansiedade com a melhoria da saúde mental. A pesquisa qualitativa destaca também que a escuta terapêutica é fundamental para gerar empatia, vínculo e redução do sofrimento psíquico.
Durante a pandemia, as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICs) se mostraram aliadas ao tratamento de pacientes com Covid-19. O Conselho Nacional de Saúde (CNS) aprovou, em maio de 2020, uma recomendação para que gestores públicos as incluíssem e divulgassem na assistência o combate ao novo coronavírus.
Realizada no período de março de 2020 a dezembro de 2022, na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), o estudo teve como objetivo aplicar o reiki – com escuta terapêutica em teleatendimentos via celular – em mulheres sob cuidados psiquiátricos na pandemia da Covid-19, suprindo limitação do acesso presencial a consultas médicas e intervenções psicossociais.
O estudo foi conduzido pela pesquisadora em Saúde Pública Zelia Pimental Andrade e pelo médico psiquiatra Mario Roberto Romano. A metodologia seguiu diversas etapas, entre elas “acolhimento para celebração de acontecimentos do cotidiano, da superação de desafios e valorização da vida, escuta terapêutica para nortear a conduta terapêutica e gerar vínculos entre usuário e terapeuta, aplicação de reiki via celular acompanhado de sons de alta vibração (como músicas para reiki), relato on-line das usuárias sobre efeitos do reiki para o terapeuta reikiano, conferidos nas consultas presenciais pelo psiquiatra”, explica a cientista.
As usuárias não receberam outras terapias no período. Foram 92 teleatendimentos, com média de 17 por usuária, semanal e por uma hora. O estudo contou com oito mulheres com transtorno depressivo e agudo ou em remissão.
As escutas terapêuticas revelaram medo da morte, pânico, ansiedade, impotência, insônia, tristeza e dores no corpo. Os relatos dos efeitos do reiki incluiram paz, leveza, melhora do sono e das relações familiares. Já as consultas psiquiátricas mostraram redução da ansiedade, de dores no corpo e tristeza, melhora da autoestima e do autocuidado com redução e interrupção de medicações psiquiátricas.
“Como análise crítica recomendamos que é necessária a oferta de reiki para um maior número de usuários atendidos pelos serviços de saúde mental e a longo prazo para que a efetividade dos resultados possa ser melhor estabelecida”, afirmam os pesquisadores. Diante dos resultados, eles ressaltam a importância do acompanhamento do efeito do reiki na manutenção da saúde mental, “já que houve diminuição gradual das medicações psiquiátricas em metade das pessoas atendidas”. Duas usuárias interromperam o uso, sob orientação médica.
Reiki
A Prática Integrativa e Complementar em Saúde (PICS) aplicada – o Reiki – é uma terapia de imposição de mãos, também podendo ser aplicada a distância. Neste ano comemora-se o seu centenário. O reiki faz parte da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC, 2017) do Sistema Único de Saúde (SUS). Sem a necessidade do toque, o reiki é uma terapia japonesa centenária que também permite ser aplicada à distância.
Reconhecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), as PICs começaram a ser implementadas pelo SUS, de forma gratuita, por meio da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em 2006. Elas não substituem os tratamentos tradicionais, mas são benéficas no tratamento complementar de várias doenças, de acordo com estudos.