Jovens que praticavam esportes ao ar livre apresentaram melhores níveis de vitamina DApesar de o Brasil ser um país com grande incidência de luz solar, os adolescentes podem não estar se expondo o suficiente para sintetizar a vitamina D na quantidade necessária para o organismo. É o que aponta estudo desenvolvido pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP no município de Indaiatuba, São Paulo.
A pesquisa avaliou a quantidade de vitamina D em 136 adolescentes da cidade e constatou que 62% deles tinham insuficiência da vitamina. Foi uma grande surpresa esse resultado, mas ele diz respeito àquele grupo de adolescentes, não pode ser extrapolado para todos, explica a nutricionista responsável pela tese de doutorado Prevalência de insuficiência de Vitamina D em adolescentes saudáveis, Bárbara Santarosa Emo Peters.
Até pouco tempo atrás, a vitamina D era reconhecida pela sua importância na absorção de cálcio do corpo. Bárbara afirma que hoje em dia já se sabe que além dessa função, a vitamina exerce outras, atua na modulação do sistema imune, na diferenciação celular, na regulação do metabolismo lipídico (de gorduras) e na secreção de insulina, dessa forma, ajuda a prevenção de doenças crônicas adquiridas, como diabetes, prevenção da hipertensão, de obesidade e de alguns tipos de câncer.
Cerca de 90% da absorção da vitamina D se dá pela exposição ao sol e os outros 10% se dão pela ingestão de alimentos. A pesquisadora conta que nenhum dos jovens que participaram da pesquisa ingeria a quantidade recomendada de vitamina D. Alimentos como salmão, sardinha, leite e derivados (somente os integrais) possuem a vitamina. Bárbara percebeu, nas entrevistas com os adolescentes, que muitos deles não tomavam café da manhã para poderem dormir um pouco mais antes de irem à escola. Quem tomava café da manhã todo dia ingeria quase o dobro de vitamina D do que quem não tomava. É preciso estimular os jovens a não pularem essa refeição, diz a nutricionista.
Esportes
Bárbara notou também que os adolescentes que praticavam esportes à luz do sol tinham melhores níveis da vitamina. Uma das formas de combater essa insuficiência que eles apresentaram seria estimular a prática de esportes ao ar livre, opina a pesquisadora.
Com apenas dez minutos de exposição diária ao sol, já se atinge o nível necessário de vitamina D. Bárbara ressalta que a exposição deve ser feita no começo da manhã e no fim da tarde. Além disso, ela considera que é importante serem produzidos mais alimentos fortificados com a vitamina. Os poucos que existem hoje no Brasil são caros, explica.
O estudo de Bárbara já ganhou dois prêmios: Melhor Tema Livre na área Clínica durante o 8º Congreso Iberoamericano de Osteología y Metabolismo Mineral da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia; e o Yong Investigator Award, do The American Society for Bone and Mineral Research. Ela explica que Nunca tinha sido feito um estudo medindo a vitamina D em adolescentes no Brasil antes e opina que deve ser feito um estudo mais abrangente com jovens. Também nunca foi medida a vitamina D em crianças no Brasil. Seria importante estudar mais essa área, diz Bárbara.
Mais informações: email bpeters@usp.br