No primeiro dia (27/6) da Conferência Internacional de Avaliação de Tecnologias em Saúde (HTAi 2011), as pesquisadoras da ENSP Cláudia Osório e Letícia Krauss apresentaram os resultados de dois estudos na área da saúde. O primeiro abordou a percepção de gestores e de prescritores médicos do SUS quanto ao conceito de medicamentos essenciais e o papel das listas desses medicamentos na organização da assistência farmacêutica no Brasil. Já o segundo abordou a eficácia das alternativas para a prevenção de insuficiência renal crônica no país. Os áudios estão disponíveis na Biblioteca Multimídia da ENSP.
O trabalho What do managers and prescribers of the brazilian health system think of essential medicines? Preliminary results of a natiowide qualitative study: ‘Fala essencial’ foi apresentado pela pesquisadora Cláudia Osório na sessão oral Medicines policy and sustainability. A expositora explicou que a adoção do conceito de medicamentos essenciais nos sistemas de saúde começa com o desenvolvimento e uso de listas de medicamentos essenciais (EML), informando ainda que, no Brasil, existem disposições legais para o desenvolvimento do EML no setor de saúde dos três níveis de governo e nas instituições de saúde. Segundo Cláudia, o trabalho buscou descrever, analisar e discutir o conhecimento e as percepções dos gestores e prescritores do Sistema Único de Saúde (SUS) no que diz respeito ao conceito de medicamentos essenciais e a EMLs nacional, estadual e local.
Os dados da pesquisa foram coletados por meio de entrevistas realizadas com gestores estaduais e federais, além de prescritores do SUS, em 30 unidades de saúde localizadas nas cinco regiões do país. Cláudia Osório explicou que gestores e prescritores associaram os medicamentos essenciais para os cuidados primários de saúde, especialmente no tratamento de hipertensão e diabetes. Entretanto, os prescritores, aparentemente, não empregam a EML na sua prática diária e não reconhecem o seu valor. As listas são uma restrição à prescrição, com ganhos percebidos apenas para a gestão e não para a prática clínica.
A pesquisa Effectiveness of alternatives for the secondary prevention of chronic renal failure in Brazil foi apresentada pela pesquisadora da Escola Leticia Krauss durante a sessão oral Clinical studies to indicate treatment efficiency. Ela explicou que, no Brasil, os números de casos de doença renal crônica não são assustadores. Entretanto, o crescimento da doença para além do envelhecimento populacional vem alertando os especialistas da área, e consequentemente aumentando os gastos no Sistema Único de Saúde. "Atualmente, o Brasil gasta mais de R$ 2 bilhões por ano com a terapia real no SUS. Por conta disso, temos que focar em terapias substitutivas como forma de minimizar esses gastos", afirmou.
O estudo avaliou a eficácia de diferentes programas para atrasar a doença crônica renal (DRC), em sua fase terminal, em pacientes com hipertensão e diabetes. Entre os programas estavam o tratamento tradicional do SUS (controle de hipertensão e glicemia) e algumas experiências do ambulatório de DRC da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. As análises mostraram um aumento médio de 5,2 anos de vida (do estágio 3 da doença até a diálise) para o usuário do programa da Uerj quando comparado aos cuidados tradicionais do SUS, além de uma sobrevida de mais de quinze anos de vida para pacientes fora da diálise neste mesmo programa da universidade. A pesquisadora concluiu que a experiência da Uerj é uma possibilidade de terapia substitutiva eficaz para o combate à doença crônica renal e agrega ainda uma redução nos custos do atendimento no sistema de saúde brasileiro.