Especialistas em ambiente, saúde humana e animal de países do continente americano se reuniram entre os dias 14 e 16 de março, no Rio de Janeiro, para discutir as atuais diretrizes sobre influenza de origem animal, visando fortalecer a capacidade da região em detectar e responder a possíveis surtos causados por esse patógeno. O encontro – promovido pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Organização Mundial da Saúde (OMS) e Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (Panaftosa) – foi fundamentado no aumento de casos de influenza A em animais, provocados pelo subtipo H5N1, que tem acometido aves e alguns grupos de mamíferos em diferentes localidades pelo mundo.
Apesar de já possuir ampla circulação, o vírus tem alcançado novos territórios nas Américas, sendo detectado em aves e mamíferos em vários países. No entanto, em humanos, apenas dois casos de H5N1 foram registrados no continente: nos Estados Unidos e no Equador. É a primeira vez, desde sua descoberta, que o vírus é encontrado em um país da América do Sul.
“Durante a reunião, foram discutidas várias ferramentas que precisam ser padronizadas para que os países possam realizar ações e análises em conjunto”, compartilhou Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).
“Esteve em foco a preparação para o diagnóstico laboratorial dos casos suspeitos de influenza aviária pelos laboratórios que integram a rede de trabalho coordenada pela Opas. Também foi destacada a sustentabilidade das atividades de detecção precoce desses casos, e a preparação de protocolos para uma vigilância epidemiológica em diferentes níveis, em trabalho conjunto com os setores de agricultura e do meio ambiente”, completou.
A pesquisadora participou do encontro representando o Brasil, no âmbito de Laboratórios de Referência, ao lado de Greice Madeleine Ikeda do Carmo, da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde (MS).
Participaram também profissionais dos serviços de saúde e agricultura da Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Estados Unidos, Guatemala e México. Membros de instituições internacionais, como a Organização Mundial de Saúde Animal e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês), também estiveram presentes, bem como representantes técnicos de centros colaboradores da OMS.
“Essa preparação visa a integração de ações de diversos setores que atuam em saúde humana, animal e do meio ambiente. É importante termos protocolos de uso comum facilmente compreendidos em todos os níveis, bem como plataformas integradas de informação. Essas ações incluem também a capacitação de recursos humanos para que todos trabalhem de forma alinhada e saibam responder, de acordo com a sua área de atuação, no momento em que um caso suspeito, tanto animal quanto humano, seja detectado”, concluiu.