Dados do Unaids (sigla em inglês para o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids) revelam que o número de pessoas com HIV em 2012 atingiu 35,3 milhões em todo o mundo. Do total, 2,3 milhões correspondem a novas infecções e 1,6 milhão de mortes decorrentes das complicações ligadas à doença. De acordo com a entidade, o fim da discriminação é apontado como o principal objetivo para zerar o índice de novas contaminações e de mortes relacionadas à Aids. Diante disso, discriminação zero é a meta da Unaids para 2014.
A campanha do Dia da Discriminação Zero (a ser celebrado em 1º de março) conta com a participação da Prêmio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, de Mianmar, país do Sudeste Asiático. O objetivo é conscientizar a população mundial a respeito desse grave problema.
Para se ter uma ideia das consequências da discriminação, em cada sete pessoas com o vírus HIV, uma tem acesso negado aos serviços de saúde. Além disso, mais de 10% não conseguem emprego porque são soropositivos. Por conta dessa realidade, o chefe do Unaids, Michel Sidibé, afirmou que será impossível zerar o índice de novas contaminações e de mortes relacionadas à Aids sem o fim da discriminação.
Com a iniciativa, o Unaids pretende alcançar uma transformação global no tratamento aos doentes. A agência informa que a discriminação pode afetar as pessoas de várias formas. No local de trabalho, por exemplo, a discriminação representa um grande obstáculo à expansão dos serviços de acesso aos tratamentos de HIV.
No lançamento da campanha, a Prêmio Nobel disse “acreditar num mundo em que todos podem desabrochar.” Ela afirmou que “todos podem fazer a diferença ao permitir que as pessoas levem uma vida digna independentemente de quem sejam.”
Papel de Farmanguinhos – O Brasil se tornou referência mundial no enfrentamento da Aids em função de sua sólida política de combate a essa doença, e o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) é um parceiro estratégico do Ministério da Saúde para assistência farmacêutica ao paciente brasileiro. Há 15 anos, a unidade começava a produção do primeiro antirretroviral, o AZT, mais conhecido como Zidovudina. Desde então, não parou de ampliar seu portfólio. Atualmente, fabrica sete dos 23 medicamentos que compõem o coquetel antiaids. Um deles é o Efavirenz, fruto do primeiro licenciamento compulsório realizado no Brasil, em 2007, durante a gestão do ministro José Gomes Temporão.
Para os pacientes pediátricos, Farmanguinhos desenvolve uma nova formulação de antirretroviral que associa três princípios ativos: Lamivudina 30mg + Zidovudina 60mg + Nevirapina 50mg. O desenvolvimento do antirretroviral infantil vem ao encontro da política da Organização Mundial da Saúde (OMS) de estimular o estudo de medicamentos em formulações mais adequadas às crianças.
Para ampliar seu portfólio e também o acesso dos pacientes às novas terapias, Farmanguinhos tem participado das Parcerias de Desenvolvimento Produtivo (PDP). A unidade participa de quatro PDPs envolvendo antirretrovirais em dose fixa combinada: Lopinavir 200 mg + Ritonavir 50 mg; Lopinavir 100 mg + Ritonavir 25 mg; Tenofovir 300 mg + Lamivudina 300 mg + Efavirenz 600 mg (3 em 1) e o Tenofovir 300 mg + Lamivudina 300 mg (2 em 1). Farmanguinhos assinou acordo para o desenvolvimento de outras duas parcerias: uma para a produção do Darunavir e outra para o Atazanavir. Este último acaba de receber o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e nome de Farmanguinhos.
Outra iniciativa é a implantação da Fábrica de Antirretrovirais e Outros Medicamentos em Moçambique, oficialmente denominada Sociedade Moçambicana de Medicamentos S.A. (SMM). Primeira instituição pública no setor farmacêutico do continente africano, a fábrica, que iniciou as operações em 2012, produzirá 226 milhões de unidades de antirretrovirais por ano, quantidade que deverá beneficiar cerca de 2,7 milhões de pessoas que vivem com HIV/Aids naquele país.