Covid-19: Pacientes recebem visita musical no Centro Hospitalar

Recentemente os corredores do Centro Hospitalar para a Pandemia de Covid-19 do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) foram invadidos por um som diferente dos aparelhos eletrônicos e das conversas dos profissionais de saúde que por lá circulam. A música passou a fazer parte da rotina dos pacientes internados nas alas da enfermaria graças à iniciativa de Luiz Felipe Miranda Rosa, técnico em Radiologia que integra o grupo Doutores da Alegria. Observando todos os cuidados necessários, o músico toca seu violino, com um repertório diversificado, que vai do clássico ao popular, trazendo alegria e esperança para todos aqueles que contam os minutos para receberem alta e seguirem com suas vidas. “É emocionante poder expressar minha arte aqui dentro, ver o brilho nos olhos dos nossos pacientes e saber que, de alguma maneira, estou fazendo uma pequena diferença na vida deles”, afirmou Luiz.

Desde o mês de agosto que o violinista está tocando dentro do Centro Hospitalar. “Conversei muito com a Direção e com os profissionais da Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do Instituto para viabilizarmos a entrada do instrumento dentro da unidade, respeitando todos os protocolos estabelecidos contra a Covid-19, fazendo a higienização correta do violino tanto na entrada, quanto na saída”, informou Luiz, lembrando ainda que a música faz parte da humanização do cuidado e contribui na recuperação dos pacientes.

Para Mariana Machay, chefe do Serviço de Enfermagem do INI/Fiocruz, todas as estratégias de humanização são de extrema relevância, não só para os pacientes, mas para os trabalhadores, principalmente em virtude do isolamento e do sofrimento causado pela pandemia de Covid-19. “Foram inúmeras perdas, inúmeras histórias dentro da nossa unidade e a música sensibiliza, toca a alma. E ao fazer isso, a gente se identifica e se emociona de uma forma muito positiva. O violino, em especial, traz a sensação de paz, independente do ritmo da música. Essa iniciativa do Luiz foi de extrema relevância não só por trazer um instrumento para dentro do hospital, mas por ser um próprio trabalhador que dedica parte da sua hora de folga para alegrar pacientes e funcionários”, destacou Mariana, informando também que existem diversos estudos que citam a musicoterapia como estratégia de promoção de bem no ambiente hospitalar. Ela compõe uma das ações dos profissionais do INI/Fiocruz dentro do Centro Hospitalar, tendo como base a Política Nacional de Humanização do Sistema Único de Saúde (SUS).

Pablo Quesado, assessor de Gestão Hospitalar do INI/Fiocruz, lembrou que os efeitos positivos da música na ativação de áreas do cérebro responsáveis pelas emoções liberam substâncias relacionadas à felicidade e ao prazer, e já são conhecidos pela ciência há tempos. E esses mesmos benefícios se aplicam na recuperação de pacientes hospitalizados. “Para a nossa sorte Luiz se voluntariou a empregar seu talento musical para ajudar os pacientes, indo além das contribuições da sua função original. Enquanto ele toca um repertório variado para aqueles que estão internados, toda a equipe envolvida no cuidado também sente a energia e o calor da música, recarregando as baterias para continuar a missão de cuidar. Sorte do INI em ter o Luiz no time e, como ele, muitos outros que estão fazendo a diferença na vida do próximo”, salientou.

A enfermeira de rotina da enfermaria L do Centro Hospitalar, Ana Claudia da Silva Vieira, considera muito válida a iniciativa do músico nos corredores da unidade. “O isolamento traz um diferencial na vida dos pacientes, principalmente com relação ao Covid-19. Como nós mantemos aqueles que estão internados longe da família, uma música que traga uma lembrança para eles se torna um conforto e é uma forma de mudar o ambiente e promover alegria para todos em um momento tão delicado”, disse.

Confira entrevista com Luiz Miranda Rosa, o violinista do INI/Fiocruz.