O Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e as organizações não-governamentais Centro de Medicina Indígena e Saúde dos Povos Indígenas da Amazônia, promoveram a Oficina de Formação de Jovens Comunicadores Indígenas, com a temática Medicina indígena. O objetivo foi o de preparar comunicadores que acompanharão futuramente as oficinas do ensino tradicional da medicina indígena, respeitando e contribuindo para a preservação das tradições e costumes de cada povo.
Os conhecimentos serão aplicados nos territórios de abrangência do Projeto Echo, desenvolvido pela Fiocruz Amazônia em parceria com o Unicef. “A ideia é estimulá-los a saírem a campo para captar imagens e fazer registros referentes ao cotidiano de suas comunidades. Nós, da Fiocruz Amazônia, ficaremos responsáveis pela edição desse material”, explica o chefe do Laboratório de História, Política Públicas e Saúde na Amazônia (Lahpsa), Júlio Schweickardt, pesquisador do ILMD/Fiocruz Amazônia. A oficina foi ministrada pelo especialista indígena João Paulo Tukano e a jornalista e documentarista Flávia Abtibol.
Durante a oficina foram abordados os diferentes aspectos das narrativas por meio das ferramentas de comunicação e sobre práticas de cuidado de saúde e cura dos povos indígenas. Na programação houve uma exposição sobre a importância de kihti ukuse (narrativas míticas), bahsese (benzimetos) e bahsamori (rituais), os três conceitos fundamentais do conhecimento prático-científico dos povos indígenas, além do sistema de cuidado de saúde e cura, com benzimentos e uso de plantas medicinais, enfrentamento à covid-19, orientações sobre produção de vídeos e atividades práticas.
“A medicina indígena é o reconhecimento da sabedoria e práticas baseadas em crenças e experiências de diferentes culturas utilizadas na manutenção da saúde. Assim, essa formação com os comunicadores indígenas fortalece a preservação do conhecimento repassado historicamente entre os povos para a prevenção, diagnóstico, tratamento e melhora de enfermidades”, esclarece o especialista em Saúde e HIV do Unicef Brasil, Antônio Carlos Cabral.
“Essa oportunidade ajuda os comunicadores a transmitir suas demandas e de suas comunidades. Eles já trabalham muito bem na mediação das informações que são enviadas até a base. Além do fato que são futuras lideranças que vão agregar conhecimento e estratégias de comunicação nas suas organizações e comunidades”, informa Anderson Teles Marques, que integra o grupo de jovens comunicadores indígenas.
Os participantes vão agregar conhecimento e estratégias de comunicação nas suas organizações e comunidades (Foto: Fiocruz Amazônia)Para Júlio Schweickardt, a oficina de comunicadores nada mais é do que uma oportunidade de troca de saberes e experiências. Ele lembra que a Fiocruz Amazônia e o Unicef trabalham em parceria na elaboração de um diagnóstico do impacto da pandemia de Covid-19 em comunidades indígenas e, nesse sentido, a transmissão de conhecimento via jovens comunicadores assume grande relevância.
O projeto ECHO Covid, coordenado pela pesquisadora em Saúde Pública do Lahpsa, Michele Rocha de Araújo El Kadri, tem como finalidade o fortalecimento da resposta da pandemia em vigilância, saúde mental e medicina tradicional com povos indígenas de quatro estados (Amazonas, Roraima, Pará e Maranhão). O projeto conta com recursos da European Civil Protection and Humanitarian Aid Operations (ECHO).