Carga de doença: excesso de peso e tabagismo são importantes fatores de risco

Estimar a Carga Global de Doença no Brasil considerando fatores de risco com foco no excesso de peso e tabagismo para o desenvolvimento de diabetes melito foi o objetivo da tese de doutorado em Saúde Pública desenvolvida por Andréia Ferreira de Oliveira. O trabalho aponta que cerca de 10% do total de perda de anos de vida por morte prematura e incapacidades (DALY) entre indivíduos acima de 30 anos são atribuíveis ao hábito de fumar. Além disso, a pesquisa também ressalta que, em 2013, a previsão é que o diabetes seja a primeira causa perda de anos de vida por morte prematura e incapacidades no país. 

O estudo de Andréia, que resultou em quatro artigos acadêmicos, foi motivado pela ausência de estimativas da carga de doença atribuível a fatores de risco em pesquisa realizada pela ENSP entre os anos 2000 e 2002. A pesquisa sobre Carga de Doença está disponível no sítio eletrônico da Escola. Andréia é sanitarista da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, trabalha no Programa de Diabetes e foi orientada pelo pesquisador Joaquim Gonçalves Valente, do Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde.

A tese foi composta pelos artigos: ‘Aspectos da Mortalidade Atribuível ao Tabaco: Uma Revisão Sistemática’, ‘Carga de Doença associada ao tabagismo no Estado do Rio de Janeiro (RJ), 2000’, ‘Carga Global de Doença devida e atribuível ao diabetes mellitus (DM) no Brasil’ e ‘Carga global do diabetes mellitus atribuível ao excesso de peso e obesidade no Brasil’. Três deles já foram publicados na Revista de Saúde Pública. O terceiro artigo já foi aceito pelo Cadernos de Saúde Pública da ENSP e será publicado ainda em 2009.

Como resultados do estudo, Andréia destaca pontos relevantes em cada um dos quatro artigos. O primeiro artigo, segundo ela, "aborda os métodos empregados para o cálculo da Mortalidade Atribuível ao Tabaco (MAT). Nele, vimos que as doenças mais relacionadas com a MAT são o câncer de traquéia/brônquios/pulmão, a doença isquêmica do coração (DIC), Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e as doenças cerebrovasculares (DCV). E entre essas, os indivíduos do sexo masculino com idade igual ou superior a 35 anos apresentaram estimativas mais elevadas em relação ao câncer de pulmão e a DPOC".

O artigo sobre carga de doença associada ao tabagismo no Estado do Rio de Janeiro (RJ) no ano 2000 indicou que cerca de 11% do total de Disability Adjusted Life of Years ou perda de anos de vida por morte prematura e incapacidades (DALY) entre indivíduos acima de 30 anos foram atribuíveis ao hábito de fumar. Outro fator relevante indicado neste segundo artigo foi o fato de que a doença pulmonar obstrutiva crônica, a doença isquêmica do coração e as doenças cerebrovasculares são responsáveis por 61,1% do total de DALY atribuíveis ao fumo no RJ, para indivíduos com 30 anos de idade e mais.

A Carga Global de Doença devida e atribuível ao diabetes mellitus (DM) no Brasil é o tema do terceiro artigo, que apresentou resultados do Estudo de Carga Global de Doença, realizado no Brasil para o ano de 1998, com ênfase no DM e suas complicações. Nesse artigo, Andréia apontou que 66,3% do total da carga de doença estimada para o Brasil esteve relacionada ao grande grupo II, que contempla as doenças crônicas não-transmissíveis. O DM, como agravo dentro do grande grupo II, foi a primeira causa de perda de anos de vida por morte prematura e incapacidades para ambos os sexos no ano de 1998 e correspondeu a 5,1% do total de DALY estimados para o Brasil. "Para o ano de 2013, estima-se que o diabetes mellitus seja a primeira causa de DALY no país", disse ela.

No quarto e último artigo, a pesquisa abordou a diabetes mellitus relacionada ao excesso de peso e obesidade, nos anos de 2002 e 2003, e usou faixa etária, sexo e nível de sobrepeso como parâmetros de análise. Nele, Andréia apontou que o Brasil 61,8% e 45,4% do diabetes mellitus, no sexo feminino, foram atribuíveis ao excesso de peso e obesidade, respectivamente. Já em relação ao sexo masculino, disse ela, "estes percentuais foram de 52,8% e 32,7%. Outro dado verificado foi que as maiores frações atribuíveis foram encontradas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país. Além disso, foi no grupo populacional entre 35 a 44 anos de idade que se observaram as maiores frações atribuíveis, em ambos os sexos e a partir desta idade, os valores tendem a apresentar queda", indicou Andréia.

Segundo a autora da pesquisa, a prevenção do tabagismo, assim como a prevenção do excesso de peso, são de fundamental importância para o país. "É preciso que sejam ampliadas as unidades livres do tabaco e o número de unidades de saúde credenciadas para o tratamento contra o tabagismo. Também é muito relevante a prevenção do hábito tabágico em jovens. Por isso, é tão importante a implementação de medidas de prevenção e promoção da saúde. Mas elas devem ser feitas em nível nacional e não apenas estadual e municipal, como acontece. O estímulo aos hábitos saudáveis de vida tem que começar na infância", concluiu ela.

 

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