Uma iniciativa do Instituto de Biociências (IB) da USP vai levar conhecimento científico sobre genética aos paulistanos que usam o metrô e também aos estudantes de Ensino Médio de todo o Estado de São Paulo. O Centro de Pesquisa sobre Genoma Humano e Células-Tronco, um dos Centros de Pesquisa Inovação e Difusão (Cepid) ligados à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), criou cartazes e um hot site para divulgar a campanha “Semelhantes, mas diferentes”, dentro do Projeto Semear Ciência. A intenção dos organizadores é despertar a curiosidade do público para os assuntos ligados à genética, dando conta de uma de suas missões, que é a difusão do conhecimento.
“Os centros de pesquisa da Fapesp têm que cumprir três funções: ‘pesquisa’, ‘transferência de tecnologia’ e ‘educação e difusão’. Dentro desses pilares, surgiu a ideia de levar um pouco dos conhecimentos científicos de genética para a população em geral”, conta a professora Eliana Dessen, uma das criadoras do projeto. A campanha alerta as pessoas sobre a semelhança genética que outros seres vivos guardam com o ser humano, reafirmando a teoria da evolução das espécies concebida por Charles Darwin, ainda no século 19.
A professora revela que no início a ideia era fazer uma exposição no metrô. Uma exposição com painéis maiores em uma única estação. “Depois, nós pensamos na possibilidade de fazer os painéis menores que podem ser distribuídos e expostos em diversos locais”, conta. Ao todo serão cerca de 200 cartazes espalhados no metrô de São Paulo, expostos de agosto a setembro deste ano. Além disso, as peças também serão colocadas em terminais de ônibus e possivelmente dentro dos coletivos, atingindo ainda mais pessoas.
Apesar da intenção inicial ser alcançar os usuários do transporte público paulistano, “a ideia evoluiu” e se ampliou para atender às escolas públicas do estado. A equipe entrou em contato com a Secretaria de Educação e os cartazes também serão distribuídos para as 3775 escolas de Ensino Médio localizadas em São Paulo. Além dos cartazes informativos, o programa também prevê uma vídeo-conferência que vai orientar os professores sobre como abordar o assunto na sala de aula. Uma vídeo-conferência está marcada para o dia 8 de agosto com os 91 professores coordenadores de núcleos pedagógicos do estado. Eles vão receber orientações, conhecer os cartazes, o hot site e entre outras informações. “A partir disso, estarão capacitados para orientar os respectivos professores”, projeta Eliana.
Divulgação
Depois de seis meses de trabalho, desde a concepção da ideia até a elaboração dos cartazes, a iniciativa agora se encaminha para a fase final de divulgação. “Os 35 mil exemplares já foram impressos. A quantidade destinada ao metrô já foi entregue e a primeira metade destinada às escolas já está em posse da Secretaria de Educação de São Paulo para distribuição”, anuncia a professora. Docente aposentada do IB, Eliana cuida especialmente de projetos como o Semear Ciência e empolga-se com novas ideias que vão ser colocadas em prática. “Nossa intenção é fazer duas campanhas como essa por ano. Depois que acabar o ‘Semelhantes, mas diferentes’, nós vamos fazer outra com o título: ‘É genético?’”, revela. A proposta é buscar características comportamentais do ser humano e explicar se elas têm alguma ligação com fatores genéticos ou não.
O Semear Ciência é o primeiro projeto especialmente voltado e idealizado para o público em geral. Na maioria dos casos, os projetos desenvolvidos pelo Centro de Pesquisa buscavam se aproximar mais dos professores e alunos de Ensino Médio da rede pública estadual. A professora cita como exemplo o Aulas práticas nas escolas e relata que nesse projeto foi levado um laboratório móvel até as instituições de ensino. “Os professores interessados recebem capacitação e o material fica emprestado à escola durante três semanas”, explica.
Atualmente, o projeto atende a 52 escolas e em 2015 serão 60. Os microscópios e os seis kits de laboratório abrem uma nova possibilidade para os estudantes. “Esse projeto sempre dá um resultado muito positivo. Primeiro, porque os alunos podem ter uma aula em laboratório, o que é raro para as escolas da rede pública. Segundo, porque incentiva as escolas a montarem seus próprios laboratórios, já que os professores recebem treinamento e percebem que os materiais não são assim tão caros”, afirma Eliana.
O Centro de Pesquisa sobre Genoma Humano e Células-Tronco continua aumentando o número de projetos e servindo de inspiração para outros Cepids. De acordo com Eliana, outros centros se interessaram pela iniciativa e estratégia de divulgação e pretendem estruturar projetos com a mesma configuração. “Nós acreditamos que as próximas campanhas terão sua elaboração e aplicação cada vez mais rápidas, dado que a fase burocrática já foi superada dessa vez”, diz a pesquisadora. Dessa forma, a tendência é dar cada vez mais acesso para a população ao conhecimento científico produzido na Universidade.