O perfil do volume 31, número 4, da revista Cadernos de Saúde Pública está muito interessante. A começar pela tuberculose, que tem no editorial O Brasil precisa de um sistema nacional de vigilância de óbito por tuberculose? a defesa da implementação de sua vigilância nos moldes dos programas bem-sucedidos de vigilância de óbitos infantis, mulheres em idade fértil e causas mal definidas. Já na seção Perspectivas, o editor associado, Mário Scheffer, discute as implicações da abertura para o capital estrangeiro proporcionada pela Emenda Constitucional recém-aprovada. As dificuldades na pesquisa qualitativa, e sua qualidade, são trabalhadas em artigo coautorado pela pesquisadora da Ensp Maria Cecília Minayo, editora-chefe do periódico Ciência & Saúde Coletiva. Confira os demais destaques da publicação.
Em Percepção de pesquisadores médicos sobre metodologias qualitativas, Stella Regina Taquette e Adriana de Oliveira Rodrigues, ambas da Uerj, junto com Maria Cecília Minayo (Ensp/Fiocruz), buscaram verificar a percepção de médicos sobre o método qualitativo de pesquisa. Por meio de entrevistas com questões sobre o perfil acadêmico do médico e perguntas abertas a respeito do método, foram entrevistados 42 profissionais, sendo 18 com experiência no método qualitativo e 24 com o quantitativo. Os resultados evidenciaram que o conhecimento sobre o qualitativo é quase nulo entre os pesquisadores ‘quantitativistas’, os quais não valorizam a pesquisa qualitativa, embora alguns percebam que seria importante ter uma postura mais compreensiva na prática clínica. Outros só a veem como subsidiária ao quantitativo. As principais dificuldades da maioria são: falta de formação, tempo longo despendido nos estudos empíricos e dificuldade de publicação. Todos os entrevistados criticaram o mau uso do método, e os ‘quantitativistas’ ressaltaram, como problema, sua não reprodutibilidade. As autoras concluem que ampliar o uso do método qualitativo por médicos exige investimento na formação desde o início da graduação e participação em projetos de pesquisa.
O artigo Doença de Alzheimer: estudo da mortalidade no Brasil, 2000-2009, de Jane Blanco Teixeira e Mariza Miranda Theme Filha (Ensp/Fiocruz), acompanhadas de Paulo Roberto Borges de Souza Junior (Icict/Fiocruz) e Joelma Higa (PUC-SP), avaliou a evolução da mortalidade por doença de Alzheimer no Brasil, a partir do desenvolvimento de um estudo descritivo com os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, no período de 2000 a 2009. Os autores calcularam as taxas de mortalidade padronizadas por idade e sexo nas capitais brasileiras e observaram a variação percentual por meio de ajuste por regressão exponencial. Como conclusão, destacaram o aumento da mortalidade por doença de Alzheimer no contexto das doenças crônicas como um indicador aproximado da prevalência da doença na população, e apontaram estratégias de assistência ao cuidado dos portadores de doenças de longa duração.
Confira a íntegra do volume 31, número 4, da revista Cadernos de Saúde Pública.