Brincadeira reduz impacto do câncer em crianças

Na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP, o faz de conta deixa de ser uma brincadeira e se torna um aliado no tratamento contra o câncer infantil. Os benefícios da prática foram comprovados pela pesquisa da terapeuta ocupacional Nathália Rodrigues Garcia-Schinzari.

Orientada pela professora Luzia Iara Pfeifer, o estudo contou com 15 crianças com idade entre 4 e 7 anos, diagnosticadas com câncer, que eram atendidas pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HC-FMRP) da USP e, algumas, pelo Grupo de Apoio à Criança com Câncer de Ribeirão Preto (GACC – Ribeirão Preto).

Segundo a pesquisadora, brincar de faz de conta auxilia no desenvolvimento cognitivo, no uso da linguagem, além de beneficiar aspectos sociais e emocionais. “É fundamental que as crianças doentes consigam expressar seus sentimentos, medos, dúvidas e sua capacidade de enfrentar os problemas e as dificuldades da vida e por meio do brincar de faz de conta isso se torna possível”, afirma a terapeuta ocupacional.

Numa brincadeira de faz de conta, diz a pesquisadora, as questões abordadas pelas crianças com câncer são diferentes daquelas abordadas pelas crianças saudáveis. “Elas falavam sobre os efeitos da quimioterapia, afastamento da escola, morte e momentos saudáveis em família”.

Para Nathália, a brincadeira faz com que as crianças compreendam melhor seu estado de saúde, bem como o tratamento que vão enfrentar. “Geralmente, a criança com câncer fica assustada com as mudanças repentinas em sua vida, entre elas a queda do cabelo”.

O estímulo à brincadeira, diz a pesquisadora, também pode ser uma forma de aproximação entre o paciente e profissional da saúde. “Quando estimulamos o brincar de faz de conta de uma criança, estamos fortalecendo sua criatividade, expressividade e capacidade de enfrentar os problemas e as dificuldades da vida”, diz a pesquisadora.

O estímulo ao brincar de faz de conta e a qualquer atividade lúdica é comum em hospitais no Brasil e no mundo e, geralmente, é utilizado pela equipe de Terapia Ocupacional, Psicologia e Enfermagem. Inclusive, diz Nathália, há artigos publicados nacionais e internacionais sobre a importância do brincar junto à criança hospitalizada.

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