Avanços notáveis são revelados em Fórum de Editores Científicos em Saúde Pública

A comunicação científica em saúde pública na América Latina, através dos periódicos publicados nos países da região, vem demonstrando um nível crescente de qualidade, o que revela a emergência de uma corrente que se sustenta por um número crescente de acessos aos artigos científicos e pelo número das citações mútuas. Esta foi uma das abordagens propostas no Fórum de Editores Científicos da Área de Saúde Pública, atividade prévia ao 11º Congresso Mundial de Saúde Pública e 8º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva.

Em consequência, os mecanismos de avaliação da produção científica devem também considerar e reconhecer os indicadores gerados pela SciELO (Scientific Electronic Library Online) sobre a produção representada nas revistas dos países latino americanos. Os critérios de inclusão de títulos na coleção SciELO Saúde Pública devem ser revisados para ampliar a cobertura da área. Também foi recomendado que os resultados de pesquisas financiadas com recursos públicos devam ser publicadas com acesso aberto.

Promovido pela Revista de Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP), pelo Grupo de Trabalho de Ciência e Tecnologia da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) e pela BIREME/OPAS/OMS, o Fórum aconteceu em 20 de agosto de 2006, no Rio de Janeiro (RJ). O encontro também marcou o lançamento da edição especial de 40 anos da Revista de Saúde Pública, que teve como tema central a comunicação e informação científica em saúde pública.

O objetivo do evento, que contou com cerca de 70 participantes, foi discutir experiências entre editores e a comunidade científica para aperfeiçoar e fortalecer os periódicos científicos da área de saúde pública e os sistemas de avaliação da produção científica. A BIREME foi representada por seu Diretor, Abel L. Packer, pela coordenadora de Comunicação Científica em Saúde (CCS), Regina Castro, e pela bibliotecária do Colegiado SciELO, Fabiana Montanari.

A abertura do evento ficou a cargo de Chester Luiz Galvão César, diretor da FSP/USP, Carlos Augusto Monteiro, editor científico da Revista de Saúde Pública da USP, Abel Packer, Diretor da BIREME e Moisés Goldbaum, secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde do Brasil. Todos destacaram a importância do evento para os periódicos científicos na área de saúde pública. Carlos Monteiro fez uma homenagem a Maria Teresinha Dias de Andrade, editora executiva da Revista de Saúde Pública, que não pôde comparecer, destacando sua dedicação incansável à revista ao longo de toda a sua história.

Diagnóstico da produção na área de saúde pública

O evento foi dividido em duas partes. A primeira dedicada ao “diagnóstico e avaliação da produção científica na área de saúde pública” e coordenada por Carlos Augusto Monteiro, contou com apresentações de Regina Castro, Abel Packer e Aluísio de Barros, representante da área de saúde coletiva da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Regina Castro, em palestra intitulada “Características das revistas científicas da área de saúde pública”, apresentou os resultados de um estudo exploratório, realizado por uma equipe conjunta da BIREME e da Revista de Saúde Pública, sobre os aspectos formais de publicação de periódicos científicos nacionais e internacionais na área da saúde pública, focando diferenças e semelhanças entre os grupos de análise e apontando as principais deficiências encontradas.

Uma corrente principal dos países em desenvolvimento está sendo revelada e promovida com a rede SciELO. A corrente em questão sustenta, particularmente, o fortalecimento dos periódicos de saúde pública. Essa é a conclusão de Abel Packer em sua apresentação “Remando para a corrente principal os periódicos de saúde pública dos países em desenvolvimento”.

Para Aluísio de Barros, que apresentou a palestra “Produção científica em saúde coletiva: perfil dos periódicos e o processo de avaliação da Capes”, o fator de impacto é relativo e não revela a qualidade dos artigos em si, mas sim a da revista como um todo. Ele reconheceu problemas nos critérios de classificação da CAPES e lançou o desafio de encontrar indicadores alternativos ao monopólio do Institute for Scientific Information (ISI).

As discussões que se seguiram às apresentações procuraram discutir recomendações para a melhoria de qualidade dos processos de produção e avaliação dos periódicos científicos. Abordaram o acesso aberto como meio de alcançar alto impacto e prestígio; alternativas ao ISI, como o Google Scholar e Scopus; os critérios SciELO para admissão de periódicos. Os participantes concordaram que as pesquisas financiadas com recursos públicos devem ser publicadas em fontes de acesso aberto, reconhecendo o conhecimento como um bem público.

Foi recomendado que o estudo apresentado de diagnóstico dos periódicos científicos da área de saúde pública seja ampliado com a participação de pesquisadores de outras instituições e outros periódicos e que os resultados sejam compartilhados com os editores, visando o aprimoramento da qualidade dos periódicos íbero-americanos.

Apresentações – Veja lista de participantes no Fórum de Editores Científicos em Saúde Pública.

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