Relativo às semanas epidemiológicas 31 (26 de julho a 1º de agosto) e 32 (2 a 8 de agosto), o novo Boletim Observatório Covid-19 Fiocruz indica que a disponibilidade de leitos de UTI para Covid-19 vem se mostrando uma questão menos crítica no país como um todo. No entanto, estados como Tocantins, Santa Catarina, Goiás e o Distrito Federal ainda se encontram em alerta máximo. Além disso, Mato Grosso e Rio Grande do Sul estão em níveis preocupantes em relação às suas taxas de ocupação.
Divulgado quinzenalmente pela Fiocruz, o documento traz um panorama geral do cenário epidemiológico da pandemia, com indicadores-chave para o monitoramento da situação nos estados e regiões do país. Em relação ao número de casos e de óbitos, a análise revela que a maior parte das unidades da federação apresentou condições de manutenção da pandemia em níveis ainda críticos nas duas últimas semanas epidemiológicas (26/7 a 8/8), com ligeira tendência de queda no número de casos e óbitos por Covid-19 em Rondônia, Sergipe e Rio de Janeiro. Nas regiões Sul (Paraná e Santa Catarina) e Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul), foi observada tendência de aumento de casos e mortes. Outro dado preocupante é a alta taxa de letalidade observada no Rio de Janeiro e Pernambuco, o que pode indicar a deficiência na realização de testagens e a gravidade dos casos de Covid-19.
Leia MaisFiocruz Amazônia vai atuar no controle do Aedes em Manaus
As ações de controle de mosquitos não podem ser esquecidas nem tão pouco negligenciadas, mesmo em tempo de pandemia. Neste sentido, projeto de pesquisadores do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) para controle de Aedes volta a ser implantado em Manaus nos próximos dias.
Trata-se do projeto que utiliza como estratégia a instalação de Estações Disseminadoras de Larvicida (EDs) como alternativa no controle de mosquitos Aedes aegypti e Ae. albopictus, transmissores dos vírus da dengue, zika e chikungunya.
Leia MaisFiocruz amplia ações contra a Covid-19 nos povos indígenas
Pesquisadores da Fiocruz elaboram plano de apoio ao enfrentamento à Covid-19 junto aos povos indígenas. Um dos objetivos é intensificar a vigilância e aprimorar informações acerca dos impactos da pandemia nessas populações, por meio de seis eixos de atuação. A iniciativa mobilizou diferentes unidades e vice-presidências e foi destacada pela presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima. “Essa é uma ação conjunta da Fundação, presente em todo território nacional, para dar suporte ao enfrentamento desta grave crise humanitária que atinge os povos indígenas no Brasil”, alertou.
O avanço do coronavírus na população indígena vem acompanhado de uma série de desafios. Os povos indígenas são um grupo particularmente vulnerável à Covid-19 devido às elevadas prevalências de diferentes doenças e agravos à saúde (desnutrição e anemia em crianças, doenças infecciosas como malária, tuberculose, hepatite B, hipertensão, diabetes, obesidade e doenças renais) e as prévias dificuldades de acesso ao sistema de saúde, particularmente da atenção especializada. Além disso, os indígenas sofrem com o aumento das queimadas e do desmatamento, com baixo saneamento e, em muitas situações, enfrentam uma enorme fragilidade econômica, o que dificulta a manutenção do isolamento social, que é uma medida fundamental no enfrentamento da pandemia.
Leia MaisFerramenta prevê dores a longo prazo após ter chikungunya
Pesquisadores da Fiocruz Bahia desenvolveram prognóstico que pode ser útil para rastrear pacientes que irão necessitar de cuidados especiais, orientar políticas públicas de saúde e propiciar tratamento precoce, diminuindo a sobrecarga do sistema de saúde.
A chikungunya é uma doença causada por um vírus transmitido através da picada do mosquito Aedes aegypti, que pode causar sintomas como febre, vermelhidão na pele e dores no corpo. Segundo o Ministério da Saúde, de janeiro a junho deste ano foram notificados mais de 48.300 casos prováveis da doença no Brasil. A região Nordeste apresentou as maiores taxas de incidência, sendo 48,3 casos/100 mil habitantes. Apenas o estado da Bahia concentrou cerca de 45% dos casos prováveis de chikungunya do país.
Leia MaisBrasil entra em consórcio global para produção de vacina contra a Covid-19
O governo federal anunciou, nesta terça-feira (2), a participação do Brasil no projeto Acelerador de Vacina (ACT Accelerator), iniciativa internacional para produção de vacina, medicamentos e diagnósticos contra o novo coronavírus. O projeto conta com a adesão de mais de 44 países, empresas e entidades internacionais, incluindo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
“Decidimos que o Brasil vai entrar no chamado acelerador de vacinas, que é um projeto aí de vários países e empresas privadas que estão buscando investir e trabalhar em conjunto para o desenvolvimento de uma vacina para o Covid-19”, informou o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, após participar de uma reunião, no Palácio do Planalto, para encaminhar a adesão do Brasil.
Leia MaisCientistas descobrem anticorpo que bloqueia infecção por Sars-CoV-2
Pesquisadores da Universidade de Utrecht, do Erasmus Medical Center e do Harbor BioMed identificaram um anticorpo totalmente humano que impede o novo coronavírus Sars-CoV-2 de infectar células em culturas cultivadas. A descoberta foi publicada na Nature Communications nesta segunda-feira (4) e pode ajudar no desenvolvimento de tratamentos para a Covid-19.
Segundo os pesquisadores, o estudo focou em anticorpos conhecidos por combaterem o Sars-CoV, causador da Sars, que surgiu na China em 2002. Eles identificaram que um desses anticorpos também é capaz de neutralizar a infecção por Sars-CoV-2, causador da Covid-19, em culturas celulares.
Leia MaisChega ao Brasil o primeiro lote dos 10 milhões de testes comprados pelo Ministério da Saúde via OPAS
Já desembarcaram em solo brasileiro 500 mil testes para diagnóstico de COVID-19, comprados pelo Ministério da Saúde do Brasil via Fundo Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Esse é o primeiro lote de um total de 10 milhões de testes rápidos adquiridos com recursos do governo brasileiro.
Os testes são do tipo RT-PCR, que detectam se a pessoa está infectada com o coronavírus causador da COVID-19, e serão enviados para a Coordenação de Armazenagem e Distribuição Logística de Insumos Estratégicos para a Saúde (COADI) do Ministério da Saúde, no estado de São Paulo. Em seguida, poderão ser distribuídos conforme planejamento do governo federal. A previsão é que os demais lotes cheguem ao Brasil ao longo das próximas semanas.
Leia MaisPesquisadores de todo o mundo buscam um medicamento eficaz para a Covid-19
A pandemia do novo coronavírus levou o mundo a centrar suas atenções na ciência. No Brasil, não foi diferente. Após ter sido duramente afetada por redução de recursos ao longo dos últimos anos, a pesquisa científica é agora apontada como o principal caminho de combater a Covid-19, que ainda não tem tratamento. Pesquisadores do mundo inteiro, em redes de colaboração, correm contra o tempo para testar medicamentos existentes e novos protocolos para tratar a doença, além de uma vacina que possa proteger a população mundial no futuro.
Os primeiros quadros respiratórios graves provocados pelo coronavírus foram comunicados às autoridades internacionais na segunda quinzena de dezembro de 2019. Sessenta dias depois, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarava a pandemia, que já superou 1,5 milhão de casos e quase 80 mil mortes em 205 países e territórios. Até agora, o vírus superagressivo vem sendo tratado a partir dos protocolos sintomáticos, ou seja, com medicamentos que tratam os principais sintomas da doença, como tosse, coriza e falta de ar. O problema é que a evolução da Covid-19 é muito rápida e em cerca de cinco dias o paciente pode apresentar caso grave de pneumonia. Sem preconceito e distinção entre nações ricas e pobres, o SARS/CoV-2 vem mostrando a fragilidade dos sistemas de saúde e afirmando o papel fundamental da ciência para conter a pandemia.
Leia MaisFiocruz é designada referência para a OMS em Covid-19 nas Américas
O Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) foi nomeado Laboratório de Referência da Organização Mundial da Saúde (OMS) para Covid-19 nas Américas. A partir da formalização do acordo entre a OMS e a Fiocruz, a unidade passa a realizar testes confirmatórios da doença na região, além de integrar a rede de especialistas em laboratório da entidade para a Covid-19.
Referência Nacional em Vírus Respiratórios junto ao Ministério da Saúde, o Laboratório vem atuando desde a emergência do novo coronavírus (Sars-CoV-2) no diagnóstico de amostras e na capacitação de equipes para análises laboratoriais, incluindo treinamentos de profissionais dos laboratórios públicos do Brasil e de países da América Latina.
Leia MaisProjeto registra receitas indígenas de parteiras da Amazônia
Assado de curimatã. Caribé de beiju. Quiampira misturado com tucupi. Mingau de abacaxi. Chá para o pós-parto. Receitas indígenas tradicionais da região amazônica, preservadas pela oralidade, de geração a geração. Em novembro de 2019, uma equipe da Fiocruz ministrou oficinas nos municípios de São Gabriel da Cachoeira e de Tabatinga, na região de fronteira entre Brasil e Colômbia. O foco: parteiras que resguardam receitas como essas, aliadas preciosas no combate à insegurança alimentar de bebês e de suas mães.
Durante as oficinas, as mulheres foram orientadas sobre como usar aparelhos celulares — doados pelo projeto — para registrar essas e outras receitas, e compartilha-las com as novas gerações. O resultado de parte desse trabalho pode ser visto no canal do YouTube da VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz, na série Receitas para grávidas, puérperas e bebês da floresta.
As gravações são um dos frutos do projeto Segurança Alimentar e Nutricional no Âmbito da Unasul, da pesquisadora Angélica Baptista Silva, da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz), e que contou com apoio técnico de Pauliran Freitas, cinegrafista da VideoSaúde, do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz).
O projeto de Angélica, que teve apoio do CNPq, é robusto, e envolveu ações como avaliação de redes de telessaúde e atividades para o fortalecimento da assistência à mulher e à criança, nas redes de serviços de saúde dos povos das florestas. As oficinas com as parteiras foram uma dessas atividades.
“Queríamos preservar a memória nutricional dessa população, usando a tecnologia para fortalecer uma tradição que pode fazer muita diferença na saúde das famílias”, explica a pesquisadora. “Temos visto, nos últimos anos, um crescimento enorme no consumo de alimentos ultraprocessados pela população indígena. A insegurança alimentar e a mortalidade infantil entre os índios são altíssimas. O uso de ingredientes locais, da própria floresta, em receitas tradicionais, foi se perdendo. Seu resgate pode ajudar muito na nutrição de crianças pequenas e de suas mães. Queríamos aproveitar o saber das parteiras, que tradicionalmente são as guardiãs dessa culinária.”
Nos vídeos da série as parteiras indígenas, muitas delas idosas, orientam jovens mães a cuidar melhor de si e de seu bebê, até que completem um ano. São mulheres das etnias Baré (a maioria delas), Tariana e Tukanos.
“Buscamos trabalhar em duplas nas oficinas. Enquanto uma mulher filmava, outra cozinhava”, explica Pauliran Freitas. “Foi uma experiência muito marcante. Uma das participantes nunca tinha visto um celular. Mas todas se revelaram muito animadas com a atividade. Busquei adaptar as orientações de gravação ao seu universo, mostrando, por exemplo, como aproveitar a luz natural”.
Durante o projeto, a equipe realizou “atividades de educação permanente junto aos profissionais de saúde da Atenção Básica e parteiras. Também foram fornecidas orientações sobre alimentação para grávidas e mães com crianças acompanhadas pelo serviço de puericultura nas áreas indígenas do estado do Amazonas, onde há pontos de telessaúde”.
Para assistir todos os vídeos do projeto, que estão disponibilizados na playlist do canal do YouTube da VideoSaúde Distribuidora. https://www.youtube.com/watch?v=abnJCvOWVjE#action=share