Em 26 de fevereiro, quando o primeiro caso de covid-19 no Brasil foi detectado, em São Paulo, o Sars-CoV-2 e seus efeitos ainda eram em grande parte misteriosos para pacientes, estudiosos e médicos.
Passado um ano, o Brasil tem mais de 250 mil mortos e de 10 milhões de casos de covid-19, e vê seus trágicos números continuarem a crescer – apesar de estarem desacelerando em algumas outras partes do mundo.
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O infectologista Fernando Gatti estava descansando em casa quando seu celular tocou por volta das 20h do dia 24 de fevereiro de 2020, uma Segunda-Feira de Carnaval.
Do outro lado da linha, um médico que trabalhava no plantão do pronto-socorro do Hospital Israelita Albert Einsten, na zona sul de São Paulo, tinha uma pergunta importante: ele deveria ou não pedir um teste de covid-19 para um paciente que apresentava sintomas de gripe e tinha acabado de voltar de uma viagem à Itália?
Leia MaisInfoGripe: situação da SRAG no país se mantém heterogênea
Realizado pela Fiocruz, o Boletim InfoGripe mostra que oito dos 27 estados brasileiros apresentam sinal de crescimento e seis tendência de queda de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e de Covid-19. Referente à Semana Epidemiológica 7 (período de 14 a 20 de fevereiro), a análise mostra que, apesar dos sinais de queda, todas as regiões se encontram na zona de risco.
O pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe, ressalta que o cenário indica oscilação em torno de um platô. Embora haja tendência de queda em alguns estados, o crescimento em outros mantém a curva do país em situação de oscilação. Além disso, alerta Gomes, a ocorrência de casos e de óbitos continua em níveis muito altos.
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A pandemia da covid-19 evidenciou uma fragilidade do Brasil: a alta dependência de insumos importados da China para a fabricação de vacinas e o sucateamento de laboratórios e fábricas usados para produzir imunizantes no país.
Enquanto na década de 1980, o Brasil tinha pelo menos cinco institutos capazes de produzir vacinas, atualmente, há apenas dois em operação: Bio-Manguinhos, da Fiocruz, e o Instituto Butantan.
Leia MaisNova ferramenta da Fiocruz permite detecção rápida de variantes do Sars-CoV-2
A vigilância genômica no Brasil ganha um reforço com o novo ensaio para a detecção de linhagens do Sars-CoV-2, por meio do protocolo RT-PCR, desenvolvido por pesquisadores do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia). A ferramenta foi anunciada pelo pesquisador e vice-diretor de Pesquisa e Inovação da Fiocruz Amazônia, Felipe Naveca. O novo ensaio permite a triagem das linhagens de maior importância em circulação no Brasil.
“A ferramenta é um produto inovador que foi desenvolvido no nosso laboratório. Existem outros protocolos semelhantes, mas este foi validado frente a 87 amostras já sequenciadas, o que nos dá uma confiança muito grande no resultado”, comenta Naveca.
Leia MaisCom a aprovação, como (e quando) a vacina da Pfizer pode chegar aos brasileiros?
Na manhã desta terça-feira (23/2), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a vacina Cominarty, desenvolvida pelas farmacêuticas Pfizer e BioNTech.
Esse é o primeiro imunizante contra a covid-19 a ganhar liberação definitiva no país — os outros dois produtos já aplicados no Brasil (a CoronaVac, da Sinovac e do Instituto Butantan, e a CoviShield, de AstraZeneca, Universidade de Oxford e Fundação Oswaldo Cruz) ganharam aval em caráter emergencial.
Leia MaisVacina Covid-19: doses prontas chegam nesta terça-feira (23/2)
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por meio do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), recebe, nesta terça-feira (23/2), mais dois milhões de doses prontas da vacina Covid-19 (recombinante). Os imunizantes, provenientes do Instituto Serum, da Índia, embarcaram de Mumbai nesta segunda-feira (22/2), e têm previsão de chegada no Brasil às 6h55 de amanhã (23/2) pelo aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Eles seguem para o Rio de Janeiro após os trâmites alfandegários em voo solidário, disponibilizado pela empresa Latam Airlines Brasil, e desembarcam no aeroporto internacional RIO-Galeão.
As vacinas serão encaminhadas para Bio-Manguinhos/Fiocruz, onde irão passar por conferência de temperatura e integridade da carga, receberão etiquetas com informações em português e terão amostras encaminhadas para análise de protocolo e liberação pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz). O processo acontecerá ao longo do dia e a previsão é de que as doses estejam prontas ainda na madrugada desta quarta-feira.
Leia MaisNota técnica aborda vigilância de eventos adversos pós-vacinação
A Fiocruz elaborou uma nota técnica sobre a vigilância de eventos adversos da vacinação contra Covid-19. Intitulado Covid-19: Vigilância Epidemiológica e Sanitária de Eventos Adversos Pós-Vacinação e produzido por uma equipe de pesquisadores da instituição, o documento tem como objetivo auxiliar os profissionais de saúde sobre as ações e ferramentas relacionadas às atividades de vigilância pós-vacinação.
No caso das novas vacinas contra a Covid-19 que estão sendo utilizadas no Brasil, a nota ressalta a importância da notificação dos eventos adversos observados e destaca a relevância da participação ativa de todos os profissionais da saúde, principalmente no que se refere à escuta e à observação atentas aos possíveis relatos de eventos adversos pós-vacinação (EAPV).
Leia MaisCovid-19: Rede Genômica Fiocruz vai sequenciar amostras do vírus no Brasil
A Rede Genômica Fiocruz está participando de um projeto do Ministério da Saúde que vai sequenciar amostras do novo coronavírus em todo o território nacional. Atualmente, apenas três laboratórios centrais (Lacens) nos estados estão aptos a essa tarefa. A Rede reúne pesquisadores de diversos institutos da Fundação para estudar genética e genoma de vírus, bactérias, fungos, parasitos e do ser humano, além de receber apoio da Rede de Plataformas Tecnológicas, com acesso a sequenciadores e bioinformática.
Durante a pandemia causada pelo novo coronavírus, um foco principal do grupo tem sido o estudo do genoma do Sars-CoV-2, causador da Covid-19, e o acompanhamento de suas mutações genéticas, entre outros. O grupo participa da iniciativa internacional de acesso aberto a informações sobre genomas de vírus influenza e coronavírus, a Gsaid, que produziu o infográfico das linhagens de Sars-CoV-2 circulantes no mundo. “No momento todas as nossas atenções, no caso da plataforma de genoma, estão voltadas para o coronavírus, devido à urgência da pandemia, mas a Rede atua também em outras frentes, que foi o que levou à sua criação, visando a integração dessas pesquisas”, salienta o vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas, Rodrigo Correa de Oliveira.
Leia MaisDossiê aborda o impacto da pandemia nos povos indígenas
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), em parceria com a revista Vukápanavo e o apoio da Fiocruz, lançou o dossiê Pandemia da Covid-19 na vida dos povos indígenas. Segundo os editores do dossiê, Braulina Baniwa, Felipe Cruz Tuxá e Luiz Eloy Terena, a Covid-19 desenhou um cenário inesperado não só no campo epidêmico-biológico, mas também no que diz respeito às políticas sociais de cuidados, a prevenção e atenção à saúde dos povos indígenas. A pandemia também trouxe o desafio de compreender seus múltiplos desdobramentos considerando seus impactos econômicos, culturais, históricos e políticos nos cotidianos das comunidades indígenas. A publicação contou com o apoio da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, por meio do projeto Aprimoramento do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, através do desenvolvimento de estudos técnicos, pesquisas científicas e ações estratégicas, essenciais para a diversificação, ampliação e qualidade dos serviços de saúde prestados aos indígenas.
De acordo com Braulina Baniwa, Felipe Cruz Tuxá e Luiz Eloy Terena, o dossiê Pandemia da Covid-19 na vida dos povos indígenas “se insere na percepção que estamos passando por um divisor de águas na história indígena no país concernente à conquista de maior autonomia e autodeterminação, inclusive ao que se destina a produção de memórias indígenas sobre a pandemia”. Eles afirmam que “foi a partir desse pressuposto que buscamos juntar diversidade de reflexões acerca do impacto da pandemia de Covid-19 sobre os povos indígenas”.
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